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Revista ES - Economia Social
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SABEDORIA
Já aqui se escreveu que a filosofia é a busca, a procura, o desejo pela sabedoria e não a sabedoria ela mesma; isto é, a filosofia é a constatação de uma distância entre o sujeito e a sabedoria, o conhecimento, a verdade (não cabe aqui escalpelizar estes três termos), e o filósofo será o sujeito que tenta colmatar essa distância. Da mesma forma, um sábio não é aquele que julga possuir o conhecimento e, portanto, aquele que não necessita de procurar mais. Na verdade, na sua altiva posição, aquele que se julga sábio desconhece algo fundamental – ele não sabe o que não sabe. Como nos ensinam os filmes de terror, estamos sempre de costas para alguma coisa, por isso mesmo convém mudarmos de posição, deslocarmo-nos e não permanecer convictos, conservadores e contentes (com o contentor cheio, sem precisar de mais nada). Aquele que se julga sábio julga ocupar a exacta posição da sabedoria – uma espécie de trono –, e por isso mesmo, não vislumbra a distância que ainda o afasta dela. Seria talvez esta distância que Sócrates via com clareza ao dizer que apenas sabia que nada sabia, nomeadamente quando se confrontava com a fanfarronice de determinados interlocutores. A distância é intrínseca à experiência da sabedoria – a sabedoria é sempre uma possibilidade, apenas isso; o sábio é sempre um aspirante, pretendente, candidato, um ser desejante, que sente uma falta e um ímpeto em percorrer essa distância que lhe escapa.

SAGRADO
O que é sagrado é intocável; consagrar – tornar sagrado – uma coisa, um lugar, pessoa, um povo, é instaurar uma distância, um intervalo entre uma coisa e o resto da humanidade. “Religio não é aquilo que une os homens e os deuses, mas aquilo que zela por mantê-los distintos. (…) Pode definir-se religião como aquilo que retira coisas, lugares, animais ou pessoas ao uso comum, transferindo-os para uma escala separada. Não só não existe religião se não houver separação, como qualquer separação contém ou conserva em si um núcleo genuinamente religioso”, escreveu o filósofo italiano Giorgio Agamben. O sagrado depende mesmo dessa separação e respectiva distância, depende da total ausência de contacto e de uso – quando se usa algo sagrado, na verdade, está-se a profanar, está-se a destruir aquela camada etérea e distanciadora. “E se consagrar (sacrare) era o termo que designava a retirada das coisas da esfera do direito humano, profanar significava, por oposição, restituí-las ao livre uso dos homens.” O sagrado, aquele impedimento ao uso comum que algumas coisas ganham, tem, por isso mesmo, alguma relação, tanto com a noção de propriedade privada, como com a de museu: a propriedade privada apenas permite o uso de um ínfimo número de eleitos – os donos, ou a partir deles; o museu retira do uso comum certos elementos embora permita um acesso bastante condicionado – ver mas não tocar, admirar mas não possuir. Em todos estes casos, a distância intermedeia sempre a coisa e o comum mortal. Deste modo, a profanação parece servir mais aos homens do que a categoria do sagrado. Por isso mesmo, este ensaio de Agamben que temos vindo a citar se intitula O Elogio da Profanação.
SILÊNCIO
Tudo o que se move produz som; os corpos vivos soam por dentro, até o lentíssimo crescimento da planta deverá soar – o caule a altivar-se, a abertura do botão ou da folha em flor, a produção secreta do pólen, etc., sons intocáveis por nós dada a diferença de ritmos, velocidades e escala. Tudo o que se move produz som, ou seja, o silêncio é sinónimo de abrandamento, até de paragem; quanto mais próximo do imobilismo, mais silencioso, quanto maior a velocidade, mais audível. Todo o instante é mudo – sem duração (e movimento) não há som.  De igual modo, poder-se-á dizer, quanto mais próximo mais audível, quanto mais afastado, mais silencioso. O som não sobrevive à imposição de uma distância – a distância emudece os acontecimentos. O som do afastamento é da mesma ordem do do abrandamento – agrava-se, aliás como percebemos no efeito de doppler – quando o som se aproxima, agudiza-se, quando se afasta, agrava-se; [não deixa de ser curioso assinalar que, num certo sentido, agudizar e agravar sejam sinónimos]; ou seja, quanto maior a distância, mais grave será o som, logo, mais próximo do silêncio. Paragem e distância – eis os requisitos do silêncio. Assim, o silêncio pode ser entendido como uma estratégia de resistência à voragem capitalista da produção contínua a todo o vapor e a toda a poluição – sonora e não só –, pois, silêncio quer dizer abrandamento, afastamento, distância, isolamento, paragem, nos antípodas da velocidade, produtividade, visibilidade e proximidade contemporâneas.
O silêncio não oferece uma direcção, ao contrário do som, que vem sempre de algum sítio – o silêncio é como um plano aberto, livre, desconhecido, desconcertante, sem significado possível. “O silêncio é como um pano húmido: retira o pó sem o fazer voar.” (Quignard)
WISDOM
As 
SACRED
Seems
SILENCE
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