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Revista ES - Economia Social
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BANCO COMUNITÁRIO
No primeiro número do Boletim Cooperativista, António Sérgio delineou aqueles que seriam os objetivos da novel publicação. Dos cinco pontos primordiais, este é o derradeiro: 
“Elaborar um projeto de estatuto de uma Caixa de Crédito Cooperativo, destinada a auxiliar financeiramente as cooperativas e também (enquanto se não cria uma Junta de Auxílio ao Cooperativismo) a esclarecer, incitar e auxiliar os cidadãos na obra de criar e federar cooperativas.”(1)
Um Banco funciona com o dinheiro depositado pelos seus clientes; a partir dessa verba guardada nos seus cofres, a instituição empresta (com juros) e investe de forma a aumentar o seu capital e assim produzir lucro. No fim, um Banco serve-se a si próprio, isto é, aos seus acionistas, ainda que prestando serviços à comunidade em geral, tais como assegurar poupanças e empréstimos, obtendo, igualmente, lucros dessas mesmas funções.
É de notar, que do mesmo radical latino lucrum, provém tanto a palavra lucro como logro. Inicialmente sinónimos, esta última ganhou, nos nossos dias, um significado obviamente pejorativo - engano, intrujice, usura; (o verbo lograr mantém, no entanto, incólumes os seus significados iniciais, tais como alcançar, conseguir, fruir, etc).  Sobre o lucro, escreveu António Sérgio, que "[s]ó falta que desistamos da ideia (…) e queiramos organizar com inteligência e justiça a distribuição das fainas e a distribuição das coisas: distribuir e não vender. (...) Teimamos em produzi-las para mercadejar com elas, para conseguir um lucro. Ora, o lucro é o resultado da penúria."(2) É certo que, partindo do princípio de que o dinheiro é proporcionalmente sempre o mesmo – com as devidas flutuações de valor e de números –, para haver quem ganhe mais, haverá necessariamente quem perca mais; como em quase tudo, para haver quem ganhe, terá de haver quem perca. Ora, um Banco Comunitário não tem como objetivo o lucro, mas, tão somente, o préstimo de serviços à comunidade – não tem um interesse intrínseco, mas centrífugo. O Banco Comunitário está, assim, nos antípodas do comum Banco comercial.
 
1. António Sérgio, «Cooperativismo» in Boletim Cooperativista n.º1, Fevereiro, 1951.
2. António Sérgio, Introdução Actual ao Programa Cooperativista. Lisboa: Seara Nova, 1937, p.12.


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BEM-ESTAR
O bem-estar é o mínimo comum onde deve assentar uma sociedade democrática – não se pode ser justo e solidário de barriga vazia, sem um abrigo, com o frio no corpo. Quando se diz bem-estar quer dizer-se viver, em contraposição com a mera sobrevivência; sobreviver é tentar manter-se vivo – não implica uma busca pela felicidade nem por melhores condições, trata-se tão só de se tentar manter vivo com o sangue calafetado e pulsante; é a condição mais básica, a vida nua, como lhe chama o filósofo Giorgio Agamben*. O bem-estar, tal como a ideia de igualdade, deve ser encarado como um princípio e não como o objetivo de políticas e ações – deve estar no princípio e não no fim –, daí dever ser encarado como um mínimo comum, uma base, como ponto de partida, onde se poderão inscrever todas as outras determinações de uma sociedade moderna, justa e igualitária. Se as necessidades básicas das pessoas não estiverem satisfeitas, todas as suas energias serão conduzidas e afuniladas para as satisfazer, antes de qualquer outra coisa. É por isso que o bem-estar será a primeira e fundamental condição de possibilidade de evolução de cada um e da modernização de qualquer sociedade. O cooperativismo, com o seu espírito horizontal, avesso a hierarquias e ao lucro por si, é uma referência no estabelecimento desta condição fundamental do humano.

* Giorgio Agamben, O Poder Soberano e a Vida Nua. Lisboa: Editorial Presença, 1998.
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BOLETIM COOPERATIVISTA

DESTINA-SE ESTE BOLETIM a ser um instrumento de convivência, uma espécie de intermediário entre alguns adeptos do cooperativismo que estão decididos a trabalhar por que ele se difunda em Portugal.
O nosso objectivo é trocar ideias entre nós, e cooperar pela consecução dos seguintes objectivos:
1. Criar no país uma verdadeira consciência cooperativista, que encare o cooperativismo integral como um fim no domínio da economia, isto é, no da produção e distribuição da riqueza (…);
2. Trabalhar pela criação de novas cooperativas, sobretudo de consumo e cooperativas agrícolas e pecuárias de transacções em comum e de transformação de produtos em comum;
3. Esforçar-se por que um pequeno número de cooperativas, decididas a manter-se libertas de qualquer sectarismo, se federem desde já (…);
4. Elaborar um projecto de Código Português do Cooperativismo, a apresentar ao poder legislativo;
5. Elaborar um projecto de estatuto de uma Caixa de Crédito Cooperativo, destinada a auxiliar financeiramente as cooperativas (…).
A todos os leitores deste Boletim que se interessem por esta obra, e estejam dispostos a colaborar nela, pedimos que nos enviem o seu nome e morada.
 
"COOPERATIVISMO", António Sérgio, in Boletim Cooperativista n. º1 (Fevereiro de 1951)
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