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ECONOMIA
A palavra economia provém do grego oikonomia*, mas nas dezenas de séculos que nos distanciam, o seu significado foi-se reformulando e, num certo sentido, perdendo qualidades. Na Grécia Antiga, a oikonomia estava intrinsecamente ligada à ética. Para um grego, uma acção economicamente racional estaria forçosamente dirigida a um fim louvável. Na sociedade grega – embora também ela uma sociedade extremamente desigual, admitindo tanto escravos como a subalternização da mulher, entre outras injustiças –, o fim para o qual todas as acções humanas deveriam concorrer era a eudaimonia, a felicidade; com a oikonomia não seria diferente. Para um grego, o objectivo da economia – de um pensamento económico racional –, seria possibilitar uma boa vida, sendo esta uma vida acompanhada pela filosofia, isto é, pela busca da sabedoria, pelo envolvimento na vida pública e não pela acumulação de excedentes, de riqueza. Num certo sentido, a oikonomia, tão diferente da economia contemporânea, parece reaparecer no contexto do que se convencionou chamar economia social. *Oikonomia é composta por oikos, que significa casa, e nomos, lei ou regra. Este prefixo – oikos – é o mesmo que está na origem do prefixo eco, que tanto encontramos em economia como, por exemplo, em ecologia. Ou seja, oikonomia seria qualquer coisa como a administração da casa, do sítio onde se vive, do habitat, sendo por isso facilmente compreensível a ligação à ecologia – o estudo do meio ambiente, ou seja, do meio onde vivemos, da Terra –, e ao ecologismo – a defesa desse mesmo meio ambiente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ESCOLA
"O tempo do lazer é aquele que resta depois do trabalho, vulgarmente chamado “tempo livre”, o que indica que ele se define não em si mesmo, mas em relação ao tempo de trabalho. Diferente do lazer é o ócio (no sentido do otium latino, não no sentido pejorativo que a palavra adquiriu). É do otium que nascem as artes, as letras e as ciências. O lazer é um tempo de recuperação e de preparação para o trabalho; o otium é o tempo da liberdade e não se deixa apropriar pela lógica mercantil dos tempos livres."* Ora, o termo otium provém do grego skholé, o qual designa algo similar - o tempo fora do trabalho, das obrigações remuneradas, um tempo livre mas não desocupado, um tempo para criar, aprender, produzir conhecimento; poder-se-ia talvez dizer que o lugar do otium seria o studium. A skholé originou, claro, a escola - o lazer estudioso, como lhe chamou Pierre Bourdieu. Esse tempo precioso, livre das ocupações e obrigações práticas, permite tanto o estudo e as especulações teóricas das quais depende a evolução do espírito humano, como o jogo e o prazer sem outra finalidade. Desse negativo da labuta (o negócio é a negação do ócio) provêm tanto a contemplação de obras de arte como a sua própria criação.** O otium e a skholé - o ócio e a escola - representam, assim, os tempos propícios ao conhecimento e à reflexão, tantas vezes distantes da prática quotidiana do trabalho. António Sérgio, patrono da CASES e divulgador e pensador do espírito cooperativista, foi sempre um dedicado defensor da importância da escola, pois via nela a forma de o homem poder evoluir em direcção a um humanismo e liberdade generalizados. A escola quer dizer então tempo para pensar e aprender, e é assim que deverá ser sempre encarada; o mesmo acontece com o ócio. Tanto um como o outro são, como se pode perceber, indispensáveis a todos, durante todas as suas vidas. * António Guerreiro, O otium e o lazer, Público, 13 de Março de 2015 ** Obras de arte, literatura, filosofia, obras científicas, etc. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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