Cátia Martins
Conceição Ribeiro Edite Oliveira Cátia Martins
Coordenadora do Grupo de Voluntariado UAlg V+ da Universidade do Algarve entre 2018-2022; Presidente da Comissão Coordenadora da Rede de Voluntariado do Ensino Superior entre 2019-2022; Investigadora do Centro de Investigação em Psicologia (CIP) & Universidade do Algarve; Docente da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro (Portugal). [email protected] Coordinator of the Volunteering Group UAlg V+ at the University of Algarve between 2018-2022; President of the Coordinating Committee of the Higher Education Volunteering Network between 2019-2022; Researcher at the Research Centre for Psychology (CIP) & University of Algarve; Lecturer at the Faculty of Human and Social Sciences, University of Algarve, Gambelas Campus, 8005-139 Faro (Portugal). [email protected]
Conceição Ribeiro
Coordenadora do Grupo de Voluntariado UAlg V+ da Universidade do Algarve (desde 2022); Investigadora do Centro de Estatística e as suas Aplicações (CEAUL); Docente do Instituto Superior de Engenharia, Universidade do Algarve, Campus da Penha, 8005-139, Faro (Portugal). [email protected] Coordinator of the Volunteering Group UAlg V+ at the University of Algarve (since 2022); Researcher at the Centre for Statistics and its Applications (CEAUL); Lecturer at the Higher Institute of Engineering, University of Algarve, Penha Campus, 8005-139, Faro (Portugal). [email protected]
Edite Oliveira
Presidente da Comissão Coordenadora da Rede de Voluntariado do Ensino Superior (desde 2022); Coordenadora do Gabinete de Desenvolvimento Humano da Universidade Nova de Lisboa, Campus de Campolide, 1099-085 Lisboa (Portugal). [email protected] President of the Coordinating Committee of the Higher Education Volunteer Network (since 2022); Coordinator of the Human Development Office at Universidade Nova de Lisboa, Campolide Campus, 1099-085 Lisbon (Portugal). [email protected]
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VOLUNTARIADO NO ENSINO SUPERIOR: CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS
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Introdução
O voluntariado, definido como “o conjunto de acções de interesse social e comunitário realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos, programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, das famílias e da comunidade desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades públicas ou privadas” (Lei n.º 71/98 de 3 de novembro, p. 5694), é um fenómeno psicossocial com cada vez mais expressão no contexto das instituições do ensino superior (IES). Embora a realidade não seja a mesma para todas as IES, existem desafios que são comuns, o que levou à criação de uma rede colaborativa de instituições - Rede de Voluntariado no Ensino Superior (R-VES) - por forma a potenciar ainda mais o seu desenvolvimento e expressão nas nossas comunidades. Neste sentido, propomo-nos aqui realizar uma reflexão em torno do lugar do voluntariado no contexto do ensino superior (ES), considerando os diversos intervenientes envolvidos – i.e., voluntários, organizações e comunidades -, bem como algumas potencialidades e desafios que a nossa experiência enquanto gestoras de serviços de voluntariado (SV) e da rede nacional R-VES nos tem proporcionado. Os Nosso Voluntários Comecemos por abordar o cenário dos voluntários das IES: atendendo à composição da comunidade académica e público-alvo dos SV, podemos encontrar diversos potenciais intervenientes, desde estudantes, docentes, investigadores, técnicos, pelo que os vamos organizar em duas grandes categorias: estudantes e profissionais/investigadores. Esta divisão leva em conta as etapas de vida e tarefas de desenvolvimento dos indivíduos (e.g., Super, 1980), que estão subjacentes aos diversos papéis desempenhamos ao longo da vida, entre eles o voluntariado (Martins et al., 2011; Savickas, 2005). Alguns estudos apontam um conjunto de dimensões, que podem ir desde aspetos disposicionais (i.e., sociodemográficas, personalidade, atitudes e valores), a dimensões situacionais e contextuais (e.g., assentes em características do ambiente e da comunidade), que se encontram presentes na caracterização do envolvimento de cada voluntário (Martins, 2013; Smith, 1994; Wilson, 2000). No entanto, estas dimensões, que nos ajudam a categorizar as pessoas, não são suficientes para conhecer a história de quem se envolve neste tipo de ações, pois, de acordo com a abordagem funcionalista da motivação para o voluntariado (e.g., Omoto & Snyder, 1995; Snyder & Omoto, 2009), ele pode desempenhar diferentes funções em diferentes situações, o que nos pode ajudar a compreender e explorar o significado e a importância que o voluntariado tem para quem o pratica. Outro aspeto importante refere-se ao facto de os indivíduos se envolverem em determinadas atividades de forma propositada, para cumprirem objetivos, e que as mesmas atividades podem ser executadas de modo a servir diferentes funções psicológicas (Clary et al., 1998; Clary & Snyder, 1999). Contudo, para simplificar esta exploração, vamos caracterizar os dois grupos segundo três categorias: valores/altruísta (i.e., ajudar os outros, apoiar causas ou crenças), utilitária/instrumental (e.g., desenvolvimento de novas competências, experiência profissional) e a social (e.g., construir e capitalizar motivações sociais, incluindo a participação com amigos, conhecer novas pessoas ou por razões de pressão social) (Cappellari & Turati, 2004; Cnaan & Goldberg-Glen, 1991; McFadden & Smeaton, 2017). No que se refere aos estudantes, à partida, a sua motivação prende-se com uma razão mais instrumental, pela possibilidade de o voluntariado se apresentar como uma porta de entrada para o mercado de trabalho, bem como apoio no acesso a determinados níveis de graduação (e.g., mestrado em Medicina da Universidade do Algarve), e também por permitir trabalhar competências denominadas transversais (e.g., comunicação, trabalho em equipa, resolução de problemas), o que alguns estudos têm demonstrado como sendo um importante fator na diferenciação de currículo vitae e na transição para o trabalho remunerado (e.g., Paulos, Valadas, & Almada, 2021; Rehberg, 2005; Savickas, 2005). Contudo, encontramos muitos estudantes, com ou sem história de voluntariado, que o fazem porque pretendem contribuir para as suas comunidades, ajudar nas diversas causas com as quais se identificam, ou porque estão descontentes (ocorre mais frequente na área ambiental, como é o caso do grupo Straw Patrol), ou porque, naquele momento, identificam como sendo necessário (razão mais frequente nas áreas social e da saúde; Chacón & Dávila, 2004). Por fim, gostaríamos ainda de salientar o facto de haver estudantes que participam em atividades impulsionados por colegas/amigos, bem como por professores, revelando a importância que a componente social e relacional tem neste contexto[1]. Relativamente ao grupo dos profissionais[2], para além de se envolverem em atividades de voluntariado como forma de contribuir para as suas comunidades (i.e., como forma de expressão dos seus valores altruístas, humanitários, sociais e, em alguns casos, religiosos), vêem-se também muitas vezes requisitados pela sociedade civil pelo seu perfil profissional (e.g., docentes que colaboram, por exemplo, em Academias e Universidades Sénior) ou experiência pessoal (e.g., apoio em causas associadas a doença oncológica). Quando as IES medeiam o processo de participação em voluntariado, valorizando-o, por exemplo, ao nível dos objetivos de avaliação dos trabalhadores, aumentam a possibilidade uma maior satisfação e realização pessoal e profissional (e.g., Biswas & Mazumder, 2017; Corso et al., 2019; Gagné & Deci, 2005). As IES estão perfeitamente conscientes do precioso contributo que uma cultura de voluntariado pode ter nas suas comunidades académicas e estão, cada vez mais, sensíveis e ativas para fomentar experiências de voluntariado. No entanto, apesar da participação em atividades de voluntariado apresentar muitos benefícios, pode também trazer inúmeros desafios, associados aos interesses dos voluntários (e.g., ao serem diversificados, implicam a existência de uma oferta organizacional variada) e determinadas características que exigem uma forte monitorização (que pode levar a um maior controlo quando o que se pretende é uma maior autonomia), formação e sensibilização constante, resultando numa sobrecarga dos técnicos dos SV. As nossas Instituições do Ensino Superior Atualmente verifica-se a existência de um investimento institucional ao nível do voluntariado, uma vez que a maioria das IES tem um SV específico. Contudo, um estudo realizado mostrou que a prática do voluntariado nas IES da R-VES não se encontra uniformizada (Martins & Ribeiro, 2021; R-VES, 2021). Explorando um pouco mais detalhadamente esta heterogeneidade, os SV são usualmente assegurados por colaboradores não docentes e docentes e, na grande maioria, sem o suporte de uma plataforma para a gestão das práticas de voluntariado. Relativamente à sua bolsa de voluntários, o número total de voluntários varia muito, desde 3 a 670 voluntários, sendo que cerca de metade das IES tem menos de 61 voluntários e a maioria conta com 50 voluntários. Assim, apresentam dimensões muito distintas, o que se reflete em diferentes desafios ou com diferentes magnitudes. No que se refere às missões e objetivos dos SV, a maioria direciona-se para o envolvimento comunitário, a educação para os valores e o crescimento e a formação profissional. As áreas mais abrangidas pelas atividades de voluntariado desenvolvidas são as áreas Social, Saúde, Educação, Ambiente e Cultura, que contribuem para os 17 ODS, com maior expressão nos ODS10 (Reduzir as desigualdades), ODS1 (Erradicar a pobreza), ODS4 (Educação de qualidade), ODS3 (Saúde de qualidade), ODS5 (Igualdade de género) e ODS17 (Parcerias para a implementação dos objetivos). Ao nível da gestão dos voluntários, na grande maioria dos SV, a formação é assegurada internamente, abordando temáticas como os aspetos e as características de funcionamento do voluntariado ou inerentes ao próprio voluntariado. A maioria dos SV realiza procedimentos de avaliação aos voluntários e às instituições parceiras, e utiliza mecanismos de reconhecimento de competências. O voluntariado é proporcionado através de parcerias formais e informais com instituições da comunidade e, em alguns SV, praticam-se processos de reconhecimento e divulgação das práticas de voluntariado (e.g., prémios de voluntariado, eventos dedicados ou relacionados com o voluntariado) e apoiam-se projetos de investigação nesta área (Martins & Ribeiro, 2021; R-VES, 2021). Assim, pode considerar-se que as IES nacionais se encontram em diferentes etapas de organização, no que se refere ao desenvolvimento de serviços/grupos de apoio e promoção do voluntariado, pelo que a integração numa rede de parceiros tornou-se num fator de empoderamento e capacitação para todos as IES envolvidas. No que concerne os desafios mais prementes que as IES encontram na promoção e gestão do voluntariado destaca-se os parcos recursos humanos afetos (i.e., muitas vezes são compostos por um único elemento ou por vários que têm de conciliar outras atividades institucionais com o SV), que até poderia ser ultrapassado pela existência de ferramentas digitais/plataformas de suporte, mas que em virtude não existirem ou de se encontrarem ainda em fase de desenvolvimento, não aliviam a sobrecarga existente. Gostaríamos de realçar a existência da Plataforma Transforma Portugal, que se propõe ser uma resposta para algumas destas necessidades, conciliando aspetos de gestão de voluntários e de atividades, com a promoção de projetos e formação (mais informações consultar https://transformaportugal.pt). Outro desafio prende-se com o reconhecimento por parte das IES face ao voluntariado desenvolvido pelos seus funcionários, que embora já tenha dado passos, precisa de expressar uma maior valorização. Por fim, destacamos os tempos, que são diferentes das IES para a sociedade civil – falamos do ano letivo e ano civil, com tudo o que representam. As maiores dificuldades prendem-se com a sobrecarga, por um lado na gestão processual, por outro na gestão de voluntários (i.e., conciliar a sua disponibilidade com as exigências e pausas académicas). Como não poderia deixar de ser, podemos identificar o voluntariado como uma potencial estratégia de aprendizagem em serviço comunitário (i.e., CSL, community service learning; Blouin & Perry, 2009), que consiste na integração de aprendizagem experiencial no trabalho do curso, enquanto se atende às necessidades da comunidade e ao envolvimento/promoção da responsabilidade civil nos estudantes (Andrews, 2007; Parker et al., 2009). Embora estas iniciativas possam ser bastante frutíferas para as comunidades e estudantes, gostaríamos de salientar que nem todo o CSL é voluntariado e nem todo o voluntariado é CSL. Considerando a definição e características do fenómeno, também traz algumas questões quanto à sua aplicação e reconhecimento em unidades curriculares. Partindo do pressuposto que não poderá constituir um trabalho obrigatório, a experiência de voluntariado poderá ser promovida e enquadrada em algumas atividades e projetos de unidades curriculares, nunca deixando de vista a sua génese. As nossas Comunidades Até agora temos abordado o papel e o valor do voluntariado ao nível dos voluntários e das IES, pelo que nesta reta (quase) final destacaremos o contributo e a importância das comunidades na sua sustentabilidade. De acordo com a abordagem funcionalista (Clary et al., 1998; Snyder & Omoto, 2009), estar satisfeito e integrado na organização onde o voluntariado decorre, bem como a medida em que as suas expetativas, motivações e necessidades são satisfeitas, e como as outras pessoas reagem ao seu trabalho, são condições fundamentais para a manutenção e permanência dos voluntários. E é no assegurar de tudo isto que os SV das IES também se centram/atuam. O voluntariado, ao nível das IES, é uma ponte para as comunidades envolventes e para uma participação comunitária empoderada. Como já mencionado, ao representar diferentes funções para diferentes pessoas, enquanto gestores, temos preocupações que envolvem esta multiplicidade de fatores, intervenientes e comunidades. Assim, ter uma oferta diversificada quer em áreas (e.g., saúde, social, ambiente) quer em organizações, faz parte do plano de algumas IES. Os SV recorrem aos recursos já existentes (e.g., redes e parcerias com instituições/organizações da comunidade), como uma importante estratégia de promoção e manutenção do voluntariado. Alguns estudos mostram que, no quotidiano, é mais frequente uma pessoa oferecer-se para ajudar em causas pertencentes à sua comunidade, uma vez que é com essas que mais facilmente se identifica (i.e., capital social por bonding, ou seja pelo estreitar de laços dentro da sua comunidade). Temos como exemplo os projetos dinamizados aquando da pandemia pela COVID-19, em que as comunidades académicas desenvolveram formas de entreajuda dentro das próprias IES (e.g., #UAlgEstamosJuntos# – Universidade do Algarve, Apoio Domiciliário – Covid-19 – Universidade do Porto, Pede & Recebe – Instituto Politécnico de Leiria, entre outros). Outra forma de promoção de capital social prende-se com o bridging (i.e., criar laços com outras comunidades geograficamente próximas das IES; Stukas et al., 2016), sendo aqui que a maioria dos SV atua (e.g., ainda dentro do mesmo fenómeno pandémico os projetos JANELAS ConVIDA, Saúde sobre Rodas, COVID-19: Hospital de Campanha do Porto, entre tantos outros). Contudo, existem situações de crise ou emergência comunitária (e.g., Stürmer et al., 2016) que impulsionam a ajuda a grupos mais alargados (e.g., crise de refugiados de 2015 e mais atualmente advindos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia), em que desde logo os voluntários das IES se disponibilizam para colaborar e se revelam como importantes recursos de apoio à intervenção comunitária, promovendo desta forma o voluntariado em causas mais globais. É muito interessante verificar a solidariedade da comunidade académica nestas situações, em que sensíveis à crise e à emergência, disponibilizam-se e colaboram nas mais diversas formas (por exemplo, na Universidade do Algarve foi criado um hospital de campanha para atender aos refugiados ucranianos recém-chegados, impulsionado pelo centro de investigação ABC - Algarve Medical Center, pela Associação Académica da UAlg e pelo Grupo de Voluntariado UAlg V+, fornecendo desde uma ajuda médica, até a cabazes SOS com mantimentos e vestuário). Podemos afirmar então que o voluntariado, promovido pelas IES, tem potencial para o desenvolvimento comunitário ou socioterritorial (e.g., MacCallum et al., 2009), para a inclusão social (e.g., d’Orville, 2016; Caridà et al., 2022), enquanto fonte de recursos humanos e materiais (Caridà et al., 2022), de conhecimento e saberes. Neste sentido, é uma das estratégias internacionalmente valorizadas na promoção da inovação social (i.e., o desenvolvimento de soluções novas, tangíveis e sustentáveis face a necessidades sociais e à resolução de problemas sociais sistémicos; Aksoy et al., 2019; Caridà et al., 2022). Outro aspeto que gostaríamos de aqui salientar prende-se com a promoção do empreendedorismo social através do voluntariado: embora sendo estas duas formas de comportamento pró-social, são dois fenómenos bastante distintos. O voluntariado está associado com a expressão de valores humanitários e de ajuda social, sem expetativa de recompensa monetária (e.g., Snyder & Omoto, 2009), enquanto o empreendedorismo social é descrito como atividades de criação social, desenvolvidas através de oportunidades de inovação, rendimentos e de formação de empresa (Trajano et al., 2022). Contudo, muitas vezes o voluntariado é uma forma de primeiro contacto com as causas sociais, gerando familiaridade e proximidade (e.g., Hockerts, 2017). Assim, juntar grupos pequenos e trabalhar com eles de forma a promover o seu sentido de comunidade e de conhecimento face às comunidades que apoiam, poderá aumentar o seu desejo/vontade em se envolver em atividades pro-sociais (e.g., Stukas et al., 2016), nomeadamente de empreendedorismo social (Hockerts, 2017; Trajano et al., 2022). Sabemos também que as atividades colaborativas podem aumentar o comportamento pró-social em grupos previamente constituídos, pelo que ao se promover diversas formas de desenvolvimento da sua identidade grupal, poderá resultar na promoção do grupo e da sua ação, bem como num sentido mais alargado de comunidade (Omoto & Packard, 2016). Do ponto de vista organizacional, o empreendedorismo social reflete o desenvolvimento de atividades de obtenção e criação de recursos para a prossecução de uma visão mais social. Assim, ser empreendedor significa ir além daquilo que é feito diariamente, fazendo mais com os recursos e atividades que existem, criando impacto social (Trajano et al., 2022). Desta forma, quanto maior o sentido de comunidade, maior a possibilidade de envolvimento em voluntariado e vice-versa (Omoto & Packard, 2016). No entanto, à semelhança dos domínios anteriores, também as comunidades apresentam desafios às SV, desde desafios associados às relações estabelecidas entre entidades, monitorização de procedimentos e satisfação das suas necessidades, até ao equilíbrio entre o que é providenciado e o que é necessário. As SV das IES têm de assegurar permanentemente este equilíbrio, em conjugação com os desafios apontados anteriormente, o que nem sempre resulta numa tarefa fácil, mas sempre muito justificado e gratificante. A nossa Rede de Voluntariado do Ensino Superior Para finalizar, gostaríamos de salientar a importância que a formação de redes de entreajuda e de suporte, nomeadamente entre instituições, poderá ter no voluntariado. Neste sentido, em 2019 mais de 15 IES juntaram-se e assinaram um protocolo de consórcio do qual nasceu a R-VES, que ao final de três anos de existência já conta com mais de 30 IES. A missão da R-VES é “promover a coordenação e articulação entre as IES para a partilha de boas práticas no âmbito da promoção do voluntariado, contemplando as vertentes da investigação, da intervenção e da disseminação a nível nacional e internacional, contribuindo para a afirmação de Portugal como uma referência” (R-VES, 2019, p. 4). Assim, baseando-se num trabalho colaborativo, a R-VES dedicou os seus primeiros anos ao diagnóstico dos SV, explorando histórias, práticas e processos nas diversas IES, bem como promovendo iniciativas de identificação, capacitação e de reflexão em torno de práticas de referência neste âmbito (para mais informações consultar https://redevoluntariadoes.wixsite.com). Nos dias que correm, existe uma enorme preocupação com a promoção dos valores de solidariedade, compromisso social, ações humanitárias e de suporte social e as IES partilham desta missão. Assentam a sua ação numa abordagem de colaboração mútua baseada na transparência, comunicação, respeito e entreajuda. A R-VES enfrenta diariamente desafios associados com a sua natureza e dimensão. Contudo, a entreajuda que a sustenta torna inegável o impacto do contributo da sua existência (Guillamon et al., 2015) na partilha e implementação de boas práticas a todos os níveis no que respeita ao lugar e ao valor do voluntariado no ES. Conclusão O voluntariado está cada vez mais presente e faz parte do nosso quotidiano, das nossas vidas e histórias, e das nossas instituições e comunidades. Esta omnipresença do voluntariado (Kapsammer et al., 2017) poderá estar associada aos benefícios que os voluntários e as comunidades obtêm, já confirmados por inúmeras investigações realizadas há já várias décadas e em vários países. Não se quer dizer com isto que o voluntariado não tenha custos ou períodos em que reduz a sua intensidade, ou que todas as atividades sejam úteis e de elevada relevância, mas, realizando um balanço, aproxima pessoas numa forma que melhora e promove a qualidade de vida dos membros e das respetivas comunidades (Stukas et al., 2016), o que também já está muito assente como sendo algo bastante positivo (e.g., “Doing well by doing good”; Piliavin, 2003). No contexto do ensino superior, a valorização do voluntariado é algo que tem gradualmente vindo a acontecer, sendo já uma realidade nas nossas instituições (Martins & Ribeiro, 2021; R-VES, 2019, 2021). Portanto, há que continuar a investir no desenvolvimento do capital social, seja na sua vertente bonding, seja de bridging, enquanto promoção do desenvolvimento comunitário e do sentido de comunidade. Há que manter a resiliência perante todos os desafios identificados nas diversas vertentes e com os diferentes grupos, tendo sempre em vista a melhoria do todo o processo, recorrendo aos recursos internos e externos disponíveis. Em suma, quando trabalhamos em conjunto, conseguimos fazer mais e ir mais longe. [1] De salientar que no modelo funcionalista da motivação para o voluntariado, o apoio social pode promover o envolvimento (e.g., quando os amigos e colegas também o praticam) ou comprometer (e.g., quando os amigos e colegas não o praticam) (Clary et al., 1998; Clary & Snyder, 1999; Omoto & Snyder, 1995; Snyder & Omoto, 2009).
[2] Muito embora estejamos a integrar aqui a participação dos trabalhadores como uma expressão de voluntariado, salientamos que na literatura internacional este envolvimento denomina-se de comportamento organizacional de cidadania (organizational citizenship behavior), que apresenta semelhanças com o voluntariado, mas que se trata de um fenómeno diferente (e.g., Gagné & Deci, 2005). Referências
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Introduction
Volunteering, defined as "the set of actions of social and community interest carried out in an unselfish manner by people, within the scope of projects, programmes and other forms of intervention at the service of individuals, families and the community developed on a non-profit basis by public or private entities" (Law no. 71/98 of 3 November, p. 5694), is a psychosocial phenomenon with increasing expression in the context of higher education institutions (HEIs). Although the reality is not the same for all HEIs, there are challenges that are common, which has led to the creation of a collaborative network of institutions - Volunteering Network in Higher Education (R-VES) - in order to further enhance its development and expression in our communities. In this sense, we propose here to reflect on the place of volunteering in the context of higher education (HE), considering the various actors involved - i.e. volunteers, organisations and communities -, as well as some potentialities and challenges that our experience as managers of volunteering services (VS) and of the national network R-VES has provided us with. Our Volunteers Let us begin by addressing the scenario of HEI volunteers: given the composition of the academic community and target public of the VS, we may find various potential intervening parties, from students, teachers, researchers, technicians, and so we shall organise them into two major categories: students and professionals/researchers. This division takes into account the life stages and developmental tasks of individuals (e.g., Super, 1980), which underlie the various roles we play throughout life, including volunteering (Martins et al., 2011; Savickas, 2005). Some studies point out a set of dimensions, which may range from dispositional aspects (i.e., sociodemographic, personality, attitudes and values) to situational and contextual dimensions (e.g., based on environmental and community characteristics), which are present in the characterisation of each volunteer's involvement (Martins, 2013; Smith, 1994; Wilson, 2000). However, these dimensions, which help us categorise people, are not enough to know the story of those who get involved in this type of actions, because, according to the functionalist approach to the motivation for volunteering (e.g., Omoto & Snyder, 1995; Snyder & Omoto, 2009), it can perform different functions in different situations, which can help us understand and explore the meaning and importance that volunteering has for those who practice it. Another important aspect refers to the fact that individuals engage in certain activities on purpose, to fulfil goals, and that the same activities may be performed in order to serve different psychological functions (Clary et al., 1998; Clary & Snyder, 1999). However, to simplify this idea, we will characterise the two groups according to three categories: values/altruistic (i.e., helping others, supporting causes or beliefs), utilitarian/instrumental (e.g., developing new skills, work experience) and the social (e.g., building and capitalising on social motivations, including engaging with friends, meeting new people or for reasons of social pressure) (Cappellari & Turati, 2004; Cnaan & Goldberg-Glen, 1991; McFadden & Smeaton, 2017). With regard to students, their motivation is more instrumental, due to the possibility of volunteering being a gateway to the labour market, as well as support in accessing certain undergraduate levels (e.g., Master's Degree in Medicine at the University of Algarve), and also because it allows working on so-called soft skills (e.g., communication, teamwork, problem solving), which some studies have shown to be an important factor in curriculum vitae differentiation and in the transition to paid work (e.g., Paulos, Valadas, & Almada, 2021; Rehberg, 2005; Savickas, 2005). However, we find many students, with or without a history of volunteering, who do it because they want to contribute to their communities, to help the various causes with which they identify, or because they are dissatisfied (this occurs more frequently in the environmental area, as is the case with the Straw Patrol group), or because at that moment they identify it as being necessary (the most frequent reason being in the social and health areas) (Chacón & Dávila, 2004). Finally, we would also like to highlight the fact that there are students who participate in activities driven by colleagues/friends as well as teachers, revealing the importance that the social and relational component has in this context[1] . With regard to the group of professionals[2] , in addition to engaging in volunteer activities as a way of contributing to their communities (i.e., as a way of expressing their altruistic, humanitarian, social and, in some cases, religious values), they are also often requested by civil society due to their professional profile (e.g., teachers who collaborate, for example, in Senior Academies and Universities) or personal experience (e.g., support for causes associated with oncological diseases). When HEIs mediate the process of participation in volunteering, valuing it, for example, at the level of the workers' evaluation objectives, they increase the possibility of greater personal and professional satisfaction and fulfilment (e.g., Biswas & Mazumder, 2017; Corso et al., 2019; Gagné & Deci, 2005). HEIs are fully aware of the precious contribution that a volunteering culture can have in their academic communities and are increasingly sensitive and active in fostering volunteering experiences. However, although participation in volunteer activities presents many benefits, it can also bring numerous challenges, associated with the interests of volunteers (e.g., being diversified, it implies the existence of a varied organisational offer) and certain characteristics that require strong monitoring (which can lead to greater control when what is intended is greater autonomy), constant training and awareness-raising, resulting in an overload of the VS technicians. Our Higher Education Institutions There is currently an institutional investment in volunteering since most HEIs have a specific VS. However, a study showed that the practice of volunteering in the HEIs of the R-VES is not uniform (Martins & Ribeiro, 2021; R-VES, 2021). Exploring this heterogeneity in a slightly more detailed manner, the VS are usually ensured by non-teaching and teaching staff and, in the vast majority, without the support of a platform for the management of volunteer practices. Regarding their pool of volunteers, the total number of volunteers varies a lot, from 3 to 670 volunteers, with about half of the HEIs having less than 61 volunteers and the majority having 50 volunteers. Thus, they present very different dimensions, which is reflected in different challenges or with different magnitudes. With regard to the missions and objectives of the VS, most are directed towards community involvement, education for values and growth and professional training. The areas most covered by the volunteer activities developed are Social, Health, Education, Environment and Culture, which contribute to the 17 SDGs, with greater expression in SDG10 (Reduce inequalities), SDG1 (Eradicate poverty), SDG4 (Quality education), SDG3 (Quality health), SDG5 (Gender equality) and SDG17 (Partnerships for the implementation of the goals). In terms of volunteer management, in the vast majority of the VS, training is provided internally, addressing issues such as aspects and characteristics of the functioning of volunteering or inherent to volunteering itself. The majority of the VS carry out evaluation procedures for volunteers and partner institutions, and use competence recognition mechanisms. Volunteering is provided through formal and informal partnerships with community institutions and, in some VS, processes of recognition and dissemination of volunteer practices (e.g., volunteering awards, events dedicated to or related to volunteering) and research projects in this area are supported (Martins & Ribeiro, 2021; R-VES, 2021). Thus, it can be considered that the national HEIs are at different stages of organisation with regard to the development of services/support groups and the promotion of volunteering, and therefore integration in a network of partners has become a factor of empowerment and capacity building for all the HEIs involved. Regarding the most pressing challenges faced by HEIs in the promotion and management of volunteering, we highlight the scarce human resources allocated (i.e., they often consist of a single element or several elements that have to reconcile other institutional activities with the VS), which could even be overcome by the existence of digital tools/support platforms, but because they do not exist or are still under development, they do not alleviate the existing overload. We would like to highlight the existence of the Transforma Portugal Platform, which proposes to be a response to some of these needs, reconciling aspects of management of volunteers and activities, with the promotion of projects and training (more information at https://transformaportugal.pt). Another challenge is the recognition by HEIs of the volunteering developed by their employees, which, although it has already taken steps, needs to express greater appreciation. Finally, we highlight the periods, which are different from the HEIs to civil society - we are talking about the academic year and the calendar year, with all that they represent. The greatest difficulties relate to overload, on the one hand in procedural management, on the other in the management of volunteers (i.e., reconciling their availability with academic demands and breaks). Unsurprisingly, we can identify volunteering as a potential community service learning (i.e., CSL; Blouin & Perry, 2009) strategy of integrating experiential learning into coursework while addressing community needs and engaging/promoting civic responsibility in students (Andrews, 2007; Parker et al., 2009). While these initiatives can be quite fruitful for communities and students, we would like to point out that not all CSL is volunteering and not all volunteering is CSL. Considering the definition and characteristics of the phenomenon, it also brings some questions regarding its application and recognition in curricular units. Assuming that it cannot constitute compulsory work, the volunteering experience may be promoted and framed in some curricular unit activities and projects, never leaving its genesis out of sight. Our Communities So far we have addressed the role and value of volunteering regarding volunteers and HEIs, so in this (almost) final stretch we will highlight the contribution and importance of communities in its sustainability. According to the functionalist approach (Clary et al., 1998; Snyder & Omoto, 2009), being satisfied and integrated in the organisation where volunteering takes place, as well as the extent to which their expectations, motivations and needs are met, and how other people react to their work, are fundamental conditions for the maintenance and permanence of volunteers. And it is in ensuring all this that the HEI's VS also focus/act. Volunteering, in relation to HEIs, is a bridge to the surrounding communities and to empowered community participation. As already mentioned, by representing different functions for different people, as managers, we have concerns involving this multiplicity of factors, stakeholders and communities. Thus, having a diversified offer either in areas (e.g., health, social, environment) or in organisations is part of the plan of some HEIs. The VS make use of already existing resources (e.g., networks and partnerships with community institutions/organisations) as an important strategy for promoting and maintaining volunteering. Some studies show that, in everyday life, it is more frequent for a person to offer to help causes belonging to their community, since it is with these that they most easily identify (i.e., social capital by bonding, in other words by strengthening ties within their community). An example of this is the projects promoted during the COVID-19 pandemic, in which the academic communities developed forms of mutual aid within their own HEIs (e.g., #UAlgEstamosJuntos# - University of Algarve, Home Support - Covid-19 - University of Porto, Pede & Recebe (Ask & Receive) - Instituto Politécnico de Leiria, among others). Another form of promoting social capital relates to bridging (i.e., creating links with other communities geographically close to the HEIs; Stukas et al., 2016), and this is where most of the VS operate (e.g., the JANELAS ConVIDA, Saúde sobre Rodas, COVID-19: Hospital de Campanha do Porto projects, among many others, still within the same pandemic phenomenon). However, there are situations of crisis or community emergency (e.g., Stürmer et al., 2016) that drive aid to broader groups (e.g., the 2015 refugee crisis and, more recently, the war between Russia and Ukraine), in which the HEI volunteers are immediately available to collaborate and reveal themselves as important resources to support community intervention, thus promoting volunteering in more global causes. It is very interesting to see the solidarity of the academic community in these situations, where, sensitive to the crisis and emergency, they make themselves available and collaborate in the most diverse ways (for example, at the University of Algarve a field hospital was created to attend to recently arrived Ukrainian refugees, driven by the research centre ABC - Algarve Medical Center, the Academic Association of UAlg and the UAlg V+ Volunteer Group, providing everything from medical aid to SOS baskets with groceries and clothing). We can state then that volunteering, promoted by HEIs, has potential for community or socio-territorial development (e.g., MacCallum et al., 2009), for social inclusion (e.g., d'Orville, 2016; Caridà et al., 2022), as a source of human and material resources (Caridà et al., 2022), of knowledge and know-how. In this sense, it is one of the internationally valued strategies in promoting social innovation (i.e., the development of new, tangible and sustainable solutions in the face of social needs and the resolution of systemic social problems; Aksoy et al., 2019; Caridà et al., 2022). Another aspect we would like to highlight is the promotion of social entrepreneurship through volunteering: although these are two forms of pro-social behaviour, they are two quite different phenomena. Volunteering is associated with the expression of humanitarian values and social help, with no expectation of monetary reward (e.g., Snyder & Omoto, 2009), while social entrepreneurship is described as social creation activities, developed through innovation, income and enterprise formation opportunities (Trajano et al., 2010). However, volunteering is often a form of first contact with social causes, generating familiarity and proximity (e.g., Hockerts, 2017). Thus, bringing small groups together and working with them in a way that promotes their sense of community and knowledge towards the communities they support may increase their desire/willingness to engage in pro-social activities (e.g., Stukas et al., 2016), namely social entrepreneurship (Hockerts, 2017; Trajano et al., 2022). We also know that collaborative activities can increase pro-social behaviour in previously constituted groups, so by promoting various ways of developing their group identity, it may result in the promotion of the group and its action, as well as a broader sense of community (Omoto & Packard, 2016). From an organisational point of view, social entrepreneurship reflects the development of activities to obtain and create resources to pursue a more social vision. Thus, being an entrepreneur means going beyond what is done on a daily basis, doing more with the resources and activities that exist, creating social impact (Trajano et al., 2022). Thus, the greater the sense of community, the greater the possibility of involvement in volunteering and vice versa (Omoto & Packard, 2016). However, similarly to the previous domains, communities also present challenges to the VS, from challenges associated with the relationships established between entities, monitoring procedures and meeting their needs, to the balance between what is provided and what is needed. The HEI's VS have to permanently ensure this balance, in conjunction with the above challenges, which is not always an easy task, but always very justified and rewarding. Our Higher Education Volunteer Network To conclude, we would like to highlight the importance that the formation of mutual aid and support networks, namely between institutions, may have in volunteering. In regard to this, in 2019 more than 15 HEIs joined together and signed a consortium protocol from which R-VES was born, which after three years already has more than 30 HEIs. The mission of R-VES is "to promote coordination and articulation among HEIs for the sharing of good practices in the field of promoting volunteering, contemplating the aspects of research, intervention and dissemination at national and international level, contributing to the affirmation of Portugal as a reference" (R-VES, 2019, p. 4). Thus, on a collaborative work basis, R-VES dedicated its first years to the diagnosis of VS, exploring stories, practices and processes in the various HEIs, as well as promoting initiatives of identification, capacity building and reflection around reference practices in this area (for more information, see https://redevoluntariadoes.wixsite.com). Nowadays, there is an enormous concern with promoting the values of solidarity, social commitment, humanitarian actions and social support and the HEIs share this mission. They base their action on an approach of mutual collaboration based on transparency, communication, respect and mutual help. R-VES faces daily challenges associated with its nature and size. However, the mutual aid that underpins it makes the impact of the contribution of its existence (Guillamon et al., 2015) undeniable in sharing and implementing good practice at all levels regarding the place and value of volunteering in HE. Conclusion Volunteering is increasingly present and part of our day-to-day, our lives and stories, and our institutions and communities. This omnipresence of volunteering (Kapsammer et al., 2017) may be associated with the benefits that volunteers and communities receive, already confirmed by numerous research studies carried out for several decades and in several countries. This is not to say that volunteering is costless or periods when it reduces in intensity, or that all activities are useful and highly relevant, but on balance it brings people together in a way that improves and promotes the quality of life of the members and their communities (Stukas et al., 2016), which is also widely accepted to be very positive (e.g., "Doing well by doing good"; Piliavin, 2003). In the context of higher education, valuing volunteering is something that has been gradually taking place and is already a reality in our institutions (Martins & Ribeiro, 2021; R-VES, 2019, 2021). Therefore, we must continue to invest in the development of social capital, both in its bonding and bridging aspects, as a way of promoting community development and a sense of community. Resilience must be maintained in the face of all the challenges identified in the various aspects and with the different groups, always aiming at the improvement of the whole process, using the internal and external resources available. In short, when we work together, we can do more and go further. [1] Of note, in the functionalist model of motivation for volunteering, social support can promote involvement (e.g., when friends and colleagues also practice it) or undermine it (e.g., when friends and colleagues do not practice it) (Clary et al., 1998; Clary & Snyder, 1999; Omoto & Snyder, 1995; Snyder & Omoto, 2009).
[2] Although we are integrating here employee participation as an expression of volunteering, we point out that in international literature this involvement is called organisational citizenship behaviour, which has similarities with volunteering, but is a different phenomenon (e.g., Gagné & Deci, 2005). References
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