EDITORIAL
Eduardo Graça Presidente da CASES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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O Setor da Economia Social Faz Falta ao País
Em primeiro lugar, porque produz riqueza – bens e serviços transaccionáveis – com recursos nacionais – é um setor trabalho intensivo, transforma produtos nacionais e presta serviços de proximidade, representando 3% do VAB nacional; cooperativas, mutualidades, associações, misericórdias, IPSS, fundações, podem e devem crescer, qualificar-se e prestigiar-se. Em segundo lugar, as suas mais de 71.000 entidades são geradoras de emprego remunerado, que representa mais de 6,1% do emprego remunerado total (a tempo completo), quando a média europeia do emprego remunerado gerado pela economia social é estimada em mais de 7,5%, o que mostra que há margem de crescimento, sendo a economia social um setor chave para a criação de emprego não precário. Em terceiro lugar, porque a economia social é um setor que, pelo seu enraizamento nas comunidades locais, contribui fortemente para a coesão social e o desenvolvimento sustentável das regiões, em particular, no interior do país, sujeito, desde há décadas, a um processo de desinvestimento material e de perda de capital humano. Mais, e Melhor, Economia Nacional Faz Falta ao País Mais e melhores cooperativas, vencendo preconceitos ancestrais e sem sentido; mais e melhores mutualidades, mais e melhores associações, IPSS, fundações; políticas públicas de fomento de uma economia com dimensão humana, correspondendo às necessidades das comunidades locais e regionais com base em princípios da cooperação e solidariedade. A Economia Social Não É a Economia do Lucro Nem do Prejuízo É uma economia à dimensão do homem, orientada para dar resposta às necessidades reais das pessoas; está no mercado mas não é especulativa, é sustentável; as suas organizações não se deslocalizam, fazem parte das comunidades; não é uma economia orientada para o lucro (inerente às sociedades de capital) mas deve gerar excedentes reinvestidos nas próprias organizações assim como nas comunidades onde se inserem. A Economia Social Não É Uma Utopia, Um Sonho, É Uma Boa Ideia Realizável É uma boa ideia com expressão e realizações notáveis em países ricos e pobres; em Portugal está consagrada na Constituição da República e na Lei da Bases de 2013, precisa crescer e consolidar-se, dar-se a conhecer e ser reconhecida; pode e deve existir em Portugal um associativismo livre mais forte, uma iniciativa cidadã mais pujante, mais cooperação em todo os domínios da nossa vida económica, social e cultural. A economia social é forte nos países ditos ricos: EUA, Canadá, Alemanha, países nórdicos, Espanha, França, mas também na China, Irão, Índia, Brasil, para citar apenas alguns. Em Portugal, a economia social está em condições de crescer, regenerar-se e tornar-se também mais forte. As “CERCIS” são economia social, as “Caixas de Crédito Agrícola” são economia social, a “Agros” é economia social, a “Sociedade Portuguesa de Autores (SPA)” é economia social, as “Misericórdias Portuguesas” são economia social, as mutualidades são economia social, as “Casas do Povo” são economia social, todas as entidades com estatuto de IPSS são economia social. A Economia Social É a Alavanca do Voluntariado São as entidades da economia social que desenvolvem 90% das atividades de voluntariado formal em Portugal, sendo a CASES a entidade que, no âmbito do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, tem por atribuição a prossecução de políticas na área do voluntariado. Mas as palavras só não bastam. Nestas áreas, como em tantas outras, o país precisa de pensamento, reflexão, mas também de iniciativa e ação, em particular, nos tempos difíceis das crises, como a presente, que exigirá, no próximo futuro, um gigantesco esforço de recuperação e reconstrução com os olhos postos na reafirmação doutrinária e na prática dos valores da cooperação e solidariedade. O sector da economia social faz falta ao país, o país precisa da economia social. Para criar mais riqueza autossustentada, mais emprego digno e permanente, mais coesão social e territorial. Contribuindo para dar corpo a estes combates do presente e do futuro, a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES) celebra o 25 de abril no contexto de um mundo de desafios complexos, globais e nacionais, abrindo as portas ao debate livre de ideias nas quais se fundamentem as ações renovadoras, e inspiradoras, de uma economia e sociedade mais digna, justa e solidária. |