1. Uma revista não académica permanentemente ao serviço
da economia social A revista “Economia Social – Leituras & Debates” (daqui em diante, Revista) resulta de uma iniciativa da Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), dando cumprimento aos objetivos estatutários de “promover o desenvolvimento de ações de divulgação do setor da Economia Social, reforçando a sua visibilidade” e de “promover e apoiar a realização de estudos”. Em maio de 2018, por ocasião do lançamento do n.º 1 da Revista, ficaram definidas as suas opções estratégicas. Trata-se de uma publicação não académica que, contudo, não corresponde a uma newsletter. Instrumento de comunicação, a Revista quis, desde a primeira hora, projetar o(s) debate(s) que se afirmam em torno da economia social. E, para tanto, a Revista dissemina estudos, publica notas de leitura, divulga estatísticas do setor e dá a conhecer a cada mais vasta bibliografia nacional e internacional. Simultaneamente, a Revista posiciona-se como um projeto sob permanente avaliação, de modo a cumprir a sua ambição de acompanhar as heterogéneas e evolutivas manifestações da economia social. Esta natureza dinâmica da Revista – que procura adaptar-se ao devir histórico da economia social no século XXI – justifica mais um passo adiante no sentido de, preservando as opções fundacionais, a adaptar aos desafios emergentes, tanto nacionais como internacionais. 2. A Economia social à procura de visibilidade e de reconhecimento Recentes documentos produzidos por organizações internacionais evidenciam, por um lado, que a noção de economia social é um universo em construção, necessariamente holístico, mas de contornos ainda não consolidados e, por outro, o papel deste setor no incremento do bem-estar coletivo. A Organização Internacional do Trabalho, na Recomendação relativa ao Trabalho digno e economia social e solidária, de 10 de junho de 2022, retomou a questão da definição da economia social. O que mostra que continua o debate internacional em torno do(s) sentido(s) de economia social. A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, através da Resolução aprovada em 18 de abril de 2023 intitulada “Promover a economia social e solidária para o desenvolvimento sustentável”, salienta o contributo deste sector para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O que coloca a economia social no centro das hodiernas preocupações coletivas. Na União Europeia, as entidades de economia social empregam à volta de 13.6 milhões de pessoas. Sendo certo que a visibilidade e o reconhecimento da economia social melhoraram nos últimos anos, ainda há um longo caminho a percorrer. A economia social (como é designada em Portugal) ou economia social e solidária (como é designada em outros Estados-Membros da União Europeia) compreende um vasto leque de entidades de diferente natureza jurídica e de diferentes modelos organizativos que, para lá da especificidade de cada uma, comungam de propósitos sociais ou ambientais. Todavia, para as pessoas em geral nem sempre é claro que as cooperativas, as associações mutualistas, outras associações, as fundações, as entidades abrangidas pelos subsectores comunitário e autogestionário, certos estatutos jurídicos, designadamente o das IPSS, integram a chamada economia social. Esta diversidade jurídica e organizacional exige um significativo trabalho de informação e de formação sobre a economia social. Em matéria de visibilidade e de reconhecimento, a Recomendação do Conselho de 27 de novembro de 2023 (C/2023/1344), relativa ao desenvolvimento de condições-quadro para a economia social, exorta os Estados-Membros da União Europeia a promover “uma maior sensibilização para a economia social e para a forma como esta contribui para o cumprimento dos objetivos sociais e ambientais” (n.º 21). Por um lado, o Conselho recomenda a "realização de campanhas de comunicação e eventos de sensibilização sobre a economia social, inclusive destinadas às gerações mais jovens, em cooperação com os níveis relevantes da administração pública e outras instituições (por exemplo, universidades)” (n.º 21, b)). Por outro lado, o Conselho propõe a “disseminação de iniciativas-piloto bem-sucedidas e as boas práticas desenvolvidas por entidades da economia social, promovendo ações para reproduzir e expandir essas boas práticas através das redes da economia social e através da comunicação pública” (n.º 21, c)). O projeto editorial da Revista está alinhado com as mais recentes orientações de instâncias internacionais, mas a avaliação periódica dos seus resultados – prática alinhada com uma das suas marcas genéticas - aconselha medidas de renovação que, alicerçadas no caminho já trilhado, a preparem para os desafios do futuro próximo. 3. Uma revista como fórum de uma comunidade comprometida com o futuro Nos cinco anos de vida, a Revista, publicada online e em regime de open access, contribuiu para os objetivos da visibilidade e do reconhecimento da economia social, dando a conhecer os protagonistas, os testemunhos, os debates, as boas práticas, as estatísticas, os estudos académicos, a produção legislativa e a jurisprudência. A evolução que se projeta para o futuro quer preservar a natureza não académica desta Revista, mas quer, simultaneamente, prepará-la, de modo dinâmico, para uma resposta robusta à multitude de experiências que coexistem na economia social. E, por isso, os grandes eixos desta evolução na continuidade são os seguintes: a) dar visibilidade ao que está a acontecer; b) trazer ao conhecimento do público o que se está a construir, tanto a nível nacional como internacional; d) dar oportunidade de afirmação dos mais jovens enquanto futuros cultores e protagonistas da economia social. Pretende-se pois, que a Revista seja o fórum de uma comunidade que, composta por entidades de diversa natureza e perfil organizativo, se congregue em torno da primazia das pessoas e dos propósitos sociais ou ambientais sobre o lucro; no reinvestimento dos lucros e excedentes na prossecução das suas atividades sociais e ambientais, satisfazendo interesses dos membros ou da coletividade e na governação democrática, participada e transparente. A Revista, de publicação semestral, exclusivamente online e em regime de open access, com a excepção deste número, proporcionará a visibilidade de uma comunidade complexa e heterogénea que se distingue do setor público e do setor privado lucrativo. Para tanto, publicará artigos, estudos de caso, experiências vivas, jurisprudência comentada, entrevistas com protagonistas do setor, testemunhos, notícias sobre legislação recentemente publicada ou em preparação, iniciativas da União Europeia ou de organizações internacionais relevantes para a economia social. Esta evolução tranquila, porque alicerçada em uma experiência sólida, será liderada pela Comissão Redatorial composta por Eduardo Graça (CASES), Deolinda Meira (ISCAP/Politécnico do Porto) e Maria Elisabete Ramos (FEUC/Universidade de Coimbra). A renovada revista digital da CASES é suportada pela energia, vitalidade e irreverência do Comité de Futuro, composto por 20 membros (número indicativo) que sinaliza os temas que, em dado momento, mais cativam ou preocupam os jovens: acesso à habitação, novos modelos de organização do trabalho, combate a novas formas de trabalho não digno, igualdade de género, transição digital, transição energética, inclusão e diversidade, etc. Compreende-se esta opção porque, por um lado, a atitude democrática de colaboração é marca de água da economia social e, por outro, só o trabalho de equipa permitirá abarcar a complexidade tanto nacional como internacional deste universo polimórfico. A Revista quer captar o interesse dos/as jovens. Neles e nelas reside o futuro da economia social. Não haverá visibilidade e reconhecimento da economia social sem o contributo de jovens que se envolvam nas organizações, pratiquem o voluntariado criem cooperativas, dinamizem o associativismo juvenil, que se sirvam das entidades de economia social para obter os bens e serviços de que necessitam, que nelas apliquem as suas poupanças, que nelas procurem formas complementares de proteção social, etc. Também este propósito de captar os mais jovens é mais bem conseguido através de uma revista publicada predominantemente online em regime de open access. Acreditamos que este é o melhor meio de disseminação de conhecimento e informação sobre economia social quer entre os já familiarizados nestes temas quer entre os novos públicos que se quer captar em ordem a cumprir os objetivos de visibilidade e do reconhecimento. Eduardo Graça Deolinda Meira Maria Elisabete Ramos |
1. A non-academic journal permanently
at the service of the social economy The journal "Social Economy – Readings & Debates" (hereinafter, Journal) is the result of an initiative of the Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES) [Cooperative António Sérgio for Social Economy], fulfilling the statutory objectives of "promoting the development of actions to disseminate the Social Economy sector, reinforcing its visibility" and "promoting and supporting the development of studies". In May 2018, on the occasion of the launch of issue 1 of the Journal, its strategic options were defined. It is a non-academic publication which, however, does not correspond to a newsletter. An instrument of communication, the Journal wanted, from the outset, to project the debate(s) that are affirmed around the social economy. To this end, the Journal disseminates studies, issues reading notes, publishes statistics on the sector and makes known the increasingly vast national and international bibliography. At the same time, the Journal positions itself as a project under permanent evaluation, in order to fulfil its ambition of following the heterogeneous and evolving manifestations of the social economy. This dynamic nature of the Journal – which seeks to adapt to the historical development of the social economy in the twenty-first century – justifies a further step forward in order to adapt it to emerging challenges, both national and international, while preserving the foundational options. 2. The Social Economy in Search of Visibility and Recognition Recent documents produced by international organizations show, on the one hand, that the notion of social economy is a universe under construction, necessarily holistic, but whose contours have not yet been consolidated and, on the other hand, the role of this sector in increasing collective well-being. The International Labour Organization, in its Recommendation on Decent Work and the Social and Solidarity Economy of 10 June 2022, took up the issue of the definition of the social economy. This shows that the international debate on the meaning(s) of social economy continues. The General Assembly of the United Nations, through the Resolution adopted on April 18, 2023, entitled "Promoting the social and solidarity economy for sustainable development", highlights the contribution of this sector to the achievement of the Sustainable Development Goals. This places the social economy at the centre of today's collective concerns. In the European Union, social economy entities employ around 13.6 million people. While the visibility and recognition of the social economy has improved in recent years, there is still a long way to go. The social economy (as it is called in Portugal) or the social and solidarity economy (as it is called in other Member States of the European Union) comprises a wide range of entities of different legal nature and different organisational models that, beyond the specificity of each one, share social or environmental purposes. However, it is not always clear to the general public that cooperatives, mutual associations, other associations, foundations, entities belonging to the Community and self-management subsectors, certain legal statutes, in particular that of the IPSS[1], are part of the so-called social economy. This legal and organisational diversity requires significant information and training work on the social economy. On visibility and recognition, the Council Recommendation of 27 November 2023 (C/2023/1344) on developing social economy framework conditions calls on the Member States of the European Union to “raise awareness about the social economy and how it contributes to achieving social and environmental goals” (paragraph 21). On the one hand, the Council recommends “supporting communication campaigns and awareness raising events on the social economy, including for younger generations, in cooperation with the relevant levels of government and other institutions (e.g. universities) (paragraph 21(b)). On the other hand, the Council proposes the "disseminating successful pilot initiatives and good practices led by social economy entities, promoting action to replicate and scale up this good practice through social economy networks and through public communication” (paragraph 21(c)). The Journal's editorial project is in line with the most recent guidelines from international bodies, but the periodic evaluation of its results – a practice aligned with one of its genetic marks – advises renewal measures that, based on the path already trodden, prepare it for the challenges of the near future. 3. A journal as a forum for a community committed to the future In its five years of existence, the Journal, published online and in open access, has contributed to the objectives of visibility and recognition of the social economy, making known the protagonists, testimonies, debates, good practices, statistics, academic studies, legislative production, and jurisprudence. The evolution that is projected for the future wants to preserve the non-academic nature of this Journal, but at the same time wants to prepare it, in a dynamic way, for a robust response to the multitude of experiences that coexist in the social economy. And, therefore, the main axes of this evolution in continuity are the following: a) to give visibility to what is happening; b) to bring to the public's attention what is being built, both nationally and internationally; d) to give the opportunity for the affirmation of young people as future cultivators and protagonists of the social economy. Therefore, it is intended that the Journal is the forum of a community that, composed of entities of different nature and organizational profile, gathers around the primacy of people and social or environmental purposes over profit; in the reinvestment of profits and surpluses in the pursuit of its social and environmental activities, satisfying the interests of members or the community, and in democratic, participatory, and transparent governance. The Journal, published biannually, exclusively online and in open access, with the exception of this issue, will provide visibility to a complex and heterogeneous community that differs from the public sector and the for-profit private sector. To this end, it will publish articles, case studies, live experiences, commented jurisprudence, interviews with protagonists of the sector, testimonies, news on legislation recently published or in preparation, initiatives of the European Union or international organizations relevant to the social economy. This smooth evolution, because it is based on a solid experience, will be led by the Editorial Committee composed of Eduardo Graça (CASES), Deolinda Meira (ISCAP/Polytechnic of Porto) and Maria Elisabete Ramos (FEUC/University of Coimbra). The renewed CASES digital Journal is supported by the energy, vitality and irreverence of the Future Committee, composed of 20 members (indicative number) that highlights the topics that, at any given moment, most captivate or concern young people: access to housing, new models of work organization, combating new forms of non-dignified work, gender equality, digital transition, energy transition, inclusion and diversity, etc. This option is understandable because, on the one hand, the democratic attitude of collaboration is the hallmark of the social economy and, on the other hand, only teamwork will make it possible to encompass both the national and international complexity of this polymorphic universe. The Journal wants to capture the interest of young people. In them lies the future of the social economy. There will be no visibility and recognition of the social economy without the contribution of young people who get involved in organisations, practise volunteering, create cooperatives, boost youth associations, use social economy entities to obtain the goods and services they need, invest their savings, and look for complementary forms of social protection in them, and so on. This purpose of attracting younger people is also best achieved through a Journal published predominantly online in open access. We believe that this is the best way to disseminate knowledge and information about the social economy, both among those already familiar with these topics and among the new audiences that we want to attract in order to meet the objectives of visibility and recognition. [1] Private Institutions of Social Solidarity (translator’s note) Eduardo Graça Deolinda Meira Maria Elisabete Ramos Translated by CASES team (Filipa Farelo, Eduardo Pedroso and Edna Neves) |