SUSANA BERNARDINO
Doutorada em Gestão pela Universidade Portucalense, com dissertação realizada no âmbito do empreendedorismo social e licenciada em Gestão pela Faculdade de Economia do Porto. É Professora do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, na área da Gestão. Desde 2009 tem lecionado diversas disciplinas na área da gestão, tais como empreendedorismo social, gestão estratégica das entidades da economia social, empreendedorismo e criação de novos negócios, fundamentos de gestão, e metodologias de investigação. É investigadora do CEOS.PP – Centro de Estudos Organizacionais e Sociais do P. Porto e desenvolve a sua investigação na área do empreendedorismo e empreendedorismo social, tendo participado em conferências e seminários sobre o tema e publicado diversos artigos científicos em revistas nacionais e internacionais." |
O empreendedorismo social
O empreendedorismo social tem-se vindo a afirmar como um campo em forte crescimento, com um aumento expressivo no número de iniciativas socialmente empreendedoras existentes (Gupta et al., 2020). Pelo potencial que representa, a temática do empreendedorismo social tem sido explorada em diferentes domínios, quer a nível nacional como internacional. Desde a emergência do termo, têm surgido diferentes entendimentos sobre do significado do conceito de empreendedorismo social. A delimitação conceitual foi, aliás, uma das preocupações evidenciadas pela comunidade científica numa fase inicial. Destaca-se aqui a definição apontada por Dees (2001), que entende o empreendedorismo social como uma área em que existe: (i) a adoção de uma missão para criar valor social de um modo sustentável (e não apenas valor privado); (ii) o reconhecimento e captura de novas oportunidades que sirvam a sua missão; (iii) o compromisso num processo de inovação contínua, adaptação e aprendizagem; (iv) a atuação audaciosa sem limitação aos recursos detidos num determinado momento do tempo; (v) a demonstração de uma elevada prestação de contas para com os elementos servidos e pelos resultados gerados. Tendo em vista a sustentabilidade que visa prosseguir, o empreendedorismo social compreende atividades direcionadas para a criação de valor social e económico. No entanto, é consensual na literatura que o valor económico criado não pode, em momento algum, sobrepor-se ao benefício social que se visa criar. Com efeito, na génese de qualquer iniciativa de empreendedorismo social encontra-se a vontade de criação de valor social, que deverá configurar a prioridade estratégica da entidade. Não obstante a pluralidade de definições existentes, genericamente tem existido uma certa convergência para se considerar o empreendedorismo social como uma atividade que se caracteriza pelo uso de atividades empreendedoras e práticas de gestão, aplicadas à prossecução de um propósito social. Esta definição, de natureza abrangente, abre espaço para a existência de uma grande heterogeneidade de iniciativas de empreendedorismo social, compatíveis com entidades pertencentes a diferentes famílias da economia social. Pela configuração que assume, o empreendedorismo social potencia uma nova abordagem para as organizações que integram a economia social, podendo constituir um verdadeiro catalisador de mudança social (Gupta et al., 2020). Central ao conceito de empreendedorismo social enquanto prática encontram-se a inovação, a proatividade e, também, a assunção de riscos. Estes são considerados elementos-chave para a adoção de um comportamento empreendedor aplicado à área social e à criação de respostas distintas das consideradas tradicionais (Bernardino & Freitas Santos, 2023). Esse comportamento empreendedor pode ser aplicado em diferentes vertentes da gestão das organizações, onde se incluem as questões do financiamento e as estratégias de mobilização de recursos (Weerakoon, 2021). |
SOCIAL ENTREPRENEURSHIP
Social entrepreneurship has been asserting itself as a field in strong growth, with a significant increase in the number of existing socially entrepreneurial initiatives (Gupta et al., 2020). Due to the potential it represents, the theme of social entrepreneurship has been explored in different domains, both nationally and internationally. Since the emergence of the term, different understandings have surfaced about the meaning of the concept of social entrepreneurship. Conceptual delimitation was, in fact, one of the concerns highlighted by the scientific community at an early stage. The definition pointed out by Dees (2001), which understands social entrepreneurship as an area in which there is: (i) the adoption of a mission to create social value in a sustainable way (and not just private value); (ii) the recognition and capture of new opportunities that serve its mission; (iii) the commitment to a process of continuous innovation, adaptation and learning; (iv) audacious action without limitation to the resources held at a given moment in time; (v) the demonstration of a high level of accountability to the elements served and the results generated. In view of the sustainability it aims to pursue, social entrepreneurship embraces activities aimed at creating social and economic value. However, it is consensual in the literature that the economic value created cannot, at any time, override the social benefit that is intended to be created. In fact, at the genesis of any social entrepreneurship initiative is the desire to create social value, which should be the strategic priority of the entity. Despite the plurality of existing definitions, there has generally been a certain convergence to consider social entrepreneurship as an activity that is characterized by using entrepreneurial activities and management practices, applied to the pursuit of a social purpose. This definition, which is broad in nature, makes room for the existence of a great heterogeneity of social entrepreneurship initiatives, compatible with entities belonging to different families of the social economy. Due to the configuration it assumes, social entrepreneurship enhances a new approach for the organizations that frame the social economy, and can be a true catalyst for social change (Gupta et al., 2020). Central to the concept of social entrepreneurship as a practice are innovation, proactivity, and risk-taking. These are considered key elements for the adoption of entrepreneurial behaviour applied to the social area and the creation of responses that are different from those considered traditional (Bernardino & Freitas Santos, 2023). This entrepreneurial behaviours can be applied in different aspects of the organizations’ management, including financing issues and resource mobilization strategies (Weerakoon, 2021). |