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Revista ES - Economia Social
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Revista ES n.12 ― ​abril 2021
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POR






​

​APOIO SUECO AO MOVIMENTO COOPERATIVO PORTUGUÊS
​APÓS A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS

A solidariedade sueca estava na vanguarda

Jan Olsson
Dirigente histórico do movimento cooperativista sueco
​​. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Depois do 25 de abril de 1974, os social-democratas suecos assumiram a liderança nas ações de solidariedade europeia para incentivar a implementação de uma sociedade democrática em Portugal. Uma campanha de mobilização no partido sueco foi lançada para apoiar o PS. Os bons contactos de longa data entre Mário Soares e Pierre Schori, secretário internacional do Partido Social Democrata Sueco, abriram o caminho. O primeiro-ministro sueco Olof Palme envolveu-se pessoalmente nessa campanha. "Para a social-democracia sueca, Portugal era um destaque em termos de solidariedade política e prática", declarou Schori num dos seus livros sobre os acontecimentos.
 
A campanha tinha como base um conceito de geminação entre províncias.  As organizações provinciais do movimento trabalhista sueco compartilhariam as suas experiências e ofereceriam apoio material, pessoal e organizacional às federações provinciais do Partido Socialista. Além de arrecadar fundos, a campanha incluiu reuniões de informação, eventos culturais e seminários. Durante alguns anos a agência de viagens do movimento trabalhista, a RESO, organizou várias visitas de estudo a Portugal, contribuindo dessa forma para o intercâmbio entre esses dos países.
 
A campanha do movimento trabalhista foi complementada por um acordo de cooperação entre os governos. Essa cooperação luso-sueca permaneceu ativa até 1981 abrangendo quatro áreas: educação de adultos, saúde publica, cooperativismo de consumo, assim como habitação, incluindo o ramo de cooperativas de habitação.
 
O objetivo era, antes de tudo, fortalecer a democracia participativa através de movimentos de base popular. Em termos concretos: fomentar iniciativas dos cidadãos portugueses a nível local para criar instrumentos a fim de melhorar as suas condições de vida. Os esforços suecos contribuiriam para o desenvolvimento de organizações e instituições sustentáveis, que poderiam tornar-se parte do futuro Portugal democrático. Era natural que o movimento cooperativo sueco fosse ativamente responsável por uma parte do acordo. O setor cooperativo era um parceiro importante do modelo sueco. Além disso, na agenda política de Portugal, o cooperativismo era considerado como um ponto estratégico.
 
Duas realidades diferentes se encontraram
 
Este artigo é sobre o apoio sueco ao movimento cooperativo português. Como foi implementado esse apoio? Que resultado foi alcançado? Como se articulou o apoio cooperativo aos socialistas e a um partido político sem tradição de base popular?
 
Para obter respostas às perguntas aqui apresentadas busquei em arquivos diversos e entrevistei líderes de cooperativas envolvidos no projeto nos dois países. Estou bem ciente dos pensamentos que se refletiam no apoio e das práticas que caracterizavam a sociedade social-democrata sueca nessa altura. O mesmo não posso afirmar em relação à realidade portuguesa. O que se mostrou evidente nas entrevistas feitas aos portugueses. No entanto, atrevo-me a entrar nessa matéria complicada porque a última questão era central do ponto de vista sueco. A intenção não explícita, mas marcante da parte sueca era que o apoio tinha como objetivo fortalecer a posição dos socialistas portugueses. Além disso, a ideia sueca era incentivar a criação de movimentos populares em concordância com o modelo sueco, baseada numa forte conexão entre um partido predominante e a sociedade civil organizada.
 
Eram dois mundos no âmbito político, social, económico e cultural que se encontravam. A Suécia, um estado de bem-estar com um modelo de sociedade bem definido e hegemonizado pela social-democracia por 40 anos. Portugal, um país em desenvolvimento que, após 50 anos de ditadura, a viver uma situação turbulenta face a um pluralismo de alternativas políticas com diferentes conotações.
 
Os suecos afirmavam que o PS era um partido recém-formado, com uma base fraca e poucos membros. Investia mais no trabalho do governo e do parlamento do que na sociedade civil. Entretanto os suecos observaram o rápido crescimento de novos movimentos de base popular surgindo em Portugal após o 25 de abril em áreas residenciais e em locais de trabalho. De forma espontânea criavam-se movimentos para atender às necessidades urgentes dirigidos a nível local por cidadãos sem filiação partidária ou com filiação em quase todos os partidos existentes na altura.
 
Assim, foram criadas particularmente Comissões de Moradores e Comissões de Trabalhadores. De certa forma, isso fazia-me lembrar o desenvolvimento dos movimentos populares na Suécia no final de 1800. No entanto, os social-democratas suecos tiveram dificuldades em lidar com esses novos movimentos em Portugal por terem sido negligenciados pelo partido fraterno PS. Por essa razão alguns suecos expressaram as suas dúvidas quanto à atitude dos socialistas portugueses.
 
O escritor social-democrata sueco Olle Svenning, que seguiu Portugal de perto durante os primeiros anos de democracia, sugeriu que o Partido Socialista usasse o forte apoio popular que recebeu nas eleições de 1975 para abordar as comissões de base com o argumento que isso poderia complementar o trabalho parlamentar. O que seria também parte de uma reorientação necessária do PS, afastando-se do elitismo, para o socialismo libertário, que estava no cerne do programa político do partido.
 
Apoio sueco ao desenvolvimento cooperativo – transferir conhecimento e promover integração  
 
O cooperativismo sobreviveu ao Estado Novo de forma reduzida, mas algumas cooperativas de consumo tinham até contatos internacionais. Nessa altura o cooperativismo de consumo era também uma espécie de cooperativismo cultural, no qual grupos da oposição, principalmente os comunistas, eram bastante ativos. O que se sucedeu nos dois anos após a Revolução resultou em grande parte da luta destes grupos de interesse pelo enquadramento de todo o movimento, algo visível no funcionamento da Comissão de Apoio às Cooperativas dos Governos Provisórios.
 
Entretanto, gradualmente a politização partidária não teve tanta evidência no processo do desenvolvimento cooperativo. A competição política decorreu fora do movimento cooperativo. O cooperativismo era uma ideologia suficientemente forte para unir as pessoas à volta de um interesse comum a todos, para além da filiação partidária. A maior parte dos agrupamentos políticos defendia o objetivo de promover o empreendedorismo cooperativo para atender aos interesses coletivos dos associados. No meu entender, talvez pudéssemos falar de equilíbrio entre diferentes direções partidárias, equilíbrio que variava entre os ramos.
 
As Comissões de Moradores e de Trabalhadores estiveram na origem da criação de muitas cooperativas de consumidores e de habitação. O número de cooperativas de base aumentou de forma explosiva, de 950 em 1974 para mais de 3600 em 1981. Havia uma visão de que o setor cooperativo se enquadrava num projeto de transição para o socialismo.
 
O apoio sueco ao fortalecimento cooperativo era de menor alcance. O objetivo prático era promover um setor cooperativo que pudesse sobreviver pelos seus próprios méritos na concorrência de mercado.
 
O auxílio sueco consistia em três partes. Duas iniciativas tinham como alvo ramos específicos: habitação e consumo. O terceiro alvo era mais geral e focado no desenvolvimento cooperativo. O conteúdo das iniciativas seguia o mesmo modelo. Dirigentes, profissionais e associados seriam formados para gerir as empresas cooperativas. Seria promovida a integração e concentração entre cooperativas de base em uniões regionais e federações nacionais. Os círculos de estudo – uma especialidade sueca – seriam usados como método pedagógico de divulgação de diferentes conhecimentos.
 
Uma parte significativa de transferência de saber-fazer eram as viagens de estudo. Os portugueses deslocavam-se à Suécia para adquirir conhecimento do modelo cooperativo sueco. E técnicos suecos iam a Portugal para ensinar suas experiências.
 
As expectativas depositadas na cooperação luso-sueca eram altas. No entanto as diferenças dos estádios de desenvolvimento entre os dois países criaram problemas. Os conhecimentos suecos transmitidos nem sempre eram facilmente aplicáveis à realidade portuguesa.
 
Os suecos, por sua vez, ficaram desapontados com o facto de Portugal não aceitar as experiências, os métodos e sistemas suecos historicamente comprovados de como os modelos de integração e formação deveriam ser organizados.
 
É difícil saber determinar com precisão como o objetivo de fortalecer a posição dos socialistas portugueses foi atingido. Algumas intenções suecas nesta direção falharam. O cooperativismo não podia ser usado para interesses políticos. Por isso, o apoio sueco tornou-se pragmático e prático. Do lado português, no primeiro governo de Mário Soares, o Ministro de Estado (vice-primeiro-ministro) Henrique de Barros foi inicialmente o responsável pelos acordos com Suécia. De Barros teve um passado cooperativo marcante e idealizou o apoio do governo ao setor. Após a sua demissão, não surgiu nenhum governo português que demonstrasse o mesmo engajamento no cooperativismo.
 
INSCOOP – um híbrido cooperativo – tornou-se cases, único na europa
 
Uma das três iniciativas suecas orientou-se ao INSCOOP, um instituto de desenvolvimento cooperativo, estabelecido para coordenar o apoio dos vários ministérios a cada ramo cooperativo. Por trás dessa iniciativa estava Henrique de Barros.
 
Os suecos não estavam satisfeitos com o INSCOOP. Havia discordâncias em relação ao conteúdo do projeto além de conflitos pessoais. Após uma avaliação sueca considerou-se injustificada a assistência ao INSCOOP, resultando em corte de verbas suecas para o projeto.  
 
Os suecos queriam limitar o papel do instituto à formação e ao ramo de cooperativas de consumidores. Essa não era a intenção dos portugueses. Segundo eles, o INSCOOP também elaboraria legislação e apoiaria a realização de estudos e investigação. Seria um ponto de apoio para todos os ramos cooperativos. Apesar das tensões, os portugueses ficaram satisfeitos com o apoio sueco ao INSCOOP, medida elogiada por Mário Soares.
 
O INSCOOP manteve-se e há dez anos atrás foi denominado CASES, Cooperativa António Sérgio para a Economia Social. Ele integra todo o setor da economia social. A CASES é um fenómeno único na Europa. Trata-se de uma parceria entre o Estado e a economia social assumindo a forma jurídica de “cooperativa de interesse publico”. O Estado possui a maioria do capital social, mas a CASES é governada democraticamente em conjunto com o setor de economia social.
 
O apoio às cooperativas de consumidores – positivo e negativo
 
As primeiras iniciativas suecas em apoiar o cooperativismo de consumo em Portugal foram realizadas já em 1964. Durante o Estado Novo as cooperativas de consumidores não eram proibidas. Além disso, algumas cooperativas portuguesas foram associadas a ACI, a Aliança Cooperativa Internacional. Um dirigente sueco, Jack Ames, apresentou um projeto para modernizar o setor cooperativo. Pouco do programa foi implementado, mas o cooperativismo português tornou-se, pelo menos, pioneiro em lojas de departamentos e self-service segundo o modelo sueco.
 
Em 1975, a organização sueca de apoio ao desenvolvimento cooperativo, Swedish Cooperative Center (hoje chamada We Effect) foi encarregada de fortalecer e potencializar o ramo de cooperativas de consumidores em colaboração com um núcleo de peritos (NACC, Núcleo de Apoio às Cooperativas de Consumo) no Ministério do Comércio Interno de Portugal. O objetivo concreto era investir na formação em diferentes domínios – compras/vendas, economia, administração, pessoal – para melhorar a eficiência e reforçar a competitividade.
 
Naturalmente, a formação concentrava-se na estratégia cooperativa que defendia a centralização e integração das cooperativas de base organizando atividades conjuntas sustentadas por uniões regionais e uma federação nacional. Assim era o modelo sueco.
 
Indiretamente, a formação talvez tenha favorecido os socialistas, mas isso nunca foi referido. No seu relatório do primeiro Congresso de Cooperativas de Consumo em março de 1977, o gerente sueco do projeto mencionou os confrontos políticos, no entanto manifestou-se satisfeito por os portugueses terem criado uma federação nacional de cooperativas de consumidores, a FENACOOP.
 
Uma avaliação sueca confirmou que o projeto foi bem-sucedido, contribuindo para o desenvolvimento democrático e o aumento dos conhecimentos sobre o cooperativismo em Portugal.
 
Os portugueses valorizavam muito o apoio sueco. Após o final do período do auxílio estatal, o apoio da SCC à FENACOOP continuou. A iniciativa mais importante foi a contribuição para a instalação da primeira União Regional, a COOPLISBOA, destinada a servir as cooperativas do distrito de Lisboa, Setúbal e Santarém expandindo depois o seu âmbito para todo o território continental, como central de compras e apoio logístico. No Porto, a SCC proporcionou a instalação da primeira Comissão Regional.
 
Até meados dos anos 90, as cooperativas de consumo de Portugal, investindo na integração económica, conseguiram conter os concorrentes privados.
 
Hoje, o cooperativismo de consumo português está quase completamente aniquilado por erros estratégicos de modernização e por falta de coesão entre as cooperativas. A FENACOOP fechou. A COOPLISBOA fracassou em consequência da falência das grandes cooperativas de consumo e assim como pela ausência de financiamento de curto prazo. Não conseguiu sobreviver na concorrência de mercado e na crise financeira de 2008. Além disso, o apoio económico e institucional do Estado não se materializou. Quero acrescentar que Portugal não é o único país europeu onde o cooperativismo de consumo tem fracassado. No entanto, atualmente encontra-se em fase de conclusão a constituição de uma nova federação com o propósito de unir cooperativas de consumidores e de utentes.
 
As cooperativas de habitação tinham um papel importante
 
A política de habitação foi um elemento-chave no acordo luso-sueco. O ramo do cooperativismo habitacional teria um papel importante para melhorar as condições de vida das famílias, não apenas habitações condignas, mas também com serviços de proximidade.
 
Dado o facto que a grande federação sueca de cooperativas de habitação, a HSB, se tinha tornado responsável no lado sueco pode ser considerado uma marca do perfil social-democrata do auxílio ao benefício dos governos de Mário Soares e dos municípios geridos por socialistas que tiveram a visão e o empenho de apoiar o desenvolvimento das cooperativas de habitação. Para evitar os conflitos políticos que caracterizavam o FFH, Fundo de Fomento da Habitação, a HSB criou uma equipa especial, o GACH, para acompanhar o projeto.
 
Três cooperativas de base foram selecionadas para realizar um modelo piloto. Eles receberam apoio técnico e organizacional. Do ponto da vista da HSB, as três seriam a ponta de lança de uma futura federação cooperativa de habitação. Mas essa ideia não teve apoio na rede Movimento Cooperativo Habitacional MCH, que nessa altura estava a surgir em Portugal. Em vez disso, o GACH tornou-se um ponto de apoio para o MCH, transformado em 1982 na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica, a FENACHE.
 
Ao longo dos anos 80, a HSB continuou a trabalhar em estreita colaboração com o cooperativismo habitacional português para fortalecer a recém-formada federação. Viagens de estudo foram realizadas na Suécia para aprendizagem de boas práticas. Dirigentes e técnicos das cooperativas suecas foram a Portugal para compartilhar seu saber-fazer.
 
A crise financeira de 2008, assim como o fim de disponibilização pelas autarquias locais de terrenos para construção cooperativa, atingiram fortemente as cooperativas de habitação. No entanto, a FENACHE mantém-se ativa, embora restrita a um núcleo reduzido de cooperativas, e representa e apoia os membros em vários domínios patrimoniais e de serviços de interesse coletivo.  
 
O projeto habitacional foi um fracasso? – sim, disseram alguns suecos críticos. Não, dizem os portugueses envolvidos no projeto
 
Em setembro de 1981, houve uma crítica letal ao projeto. Os portugueses, de acordo com um relatório de uma consultoria sueca, que foi amplamente divulgado nos meios de comunicação, ficaram dececionados.
 
“A HSB colocou a lealdade política do partido acima da lealdade ao movimento cooperativo”. A HSB agiu “arbitrariamente, incompetentemente e politizou”. O projeto HSB fazia parte da “política anticomunista” do governo socialista. Isso levou a que um movimento popular fraco fosse “enganado pela ajuda necessária”. Além dessas críticas foi afirmado que as três cooperativas piloto nunca finalizaram os seus projetos.
 
Na minha opinião, as críticas incorretas e sem sentido, não afetaram a colaboração luso-sueca no ramo do cooperativismo habitacional. Isto pode ser dito, se levarmos em consideração o depoimento de duas pessoas envolvidas no ramo: o atual presidente da FENACHE, Guilherme Vilaverde, e o primeiro presidente da federação, Carlos Silva. Ambos membros ativos no MCH desde o início. Segundo eles, vários pontos devem ser considerados.
 
-     A crítica sueca teve subentendidos políticos. A origem, provavelmente, vinha da esquerda radical.
-     O apoio sueco, especialmente as viagens de estudo, foi inestimável para dinamizar as cooperativas portuguesas.  Experiências técnicas, de planejamento, financeiras e organizacionais podiam ser testadas e aplicadas em Portugal. Nas cooperativas de habitação organizámos caixas de poupança, creches, atividades culturais e desportivas.  
-     O projeto das três cooperativas-piloto com um total de 2000 apartamentos foi concluído.  Nunca houve a intenção de transformar as cooperativas piloto em ponta de lança para uma federação nacional.
-     O apoio facilitou a criação de uma federação portuguesa no ramo de habitação, a FENACHE. Na FENACHE, todos os “quadrantes políticos" participavam; socialistas, social-democratas, comunistas, outras esquerdas, católicos, além de muitos cidadãos sem nenhuma filiação política. Os socialistas estavam bem representados, mais não dominavam.
-     Os confrontos a nível nacional entre os partidos nunca interferiram nas atividades da FENACHE. As discussões sobre os problemas concretos dos associados tinham prioridade e um acordo sempre se estabelecia. O interesse comum de todos terem acesso a uma habitação condigna prevalecia. As decisões eram sempre tomadas por uma grande maioria ou por consenso.  
-     O mesmo sucedia nas cooperativas de base. Normalmente, as diferentes orientações políticas entravam em concordo com a gestão.
 
A Suécia, os núcleos locais de cidadãos e o FFH, eram os três principiais intervenientes no desenvolvimento da habitação cooperativa em Portugal. Num artigo escrito por Arnaldo Fleming na ocasião da comemoração do 10.º aniversário de FENACHE, destacamos o seguinte:
 
“O atual movimento cooperativista habitacional deve muito à conjugação de um setor dinâmico do aparelho de Estado situado no FFH, apoiado e inspirado no modelo sueco para o setor e núcleos locais de cidadãos.”   
 
Comentários finais

  • O apoio cooperativo sueco atingiu um maior sucesso do que eu inicialmente pensava quando comecei a investigação para escrever este artigo. Gradualmente fui mudando de ideia, principalmente depois de entrevistar e ler fontes de informações portuguesas. Obviamente, a minha visão é carregada por uma perceção subjetiva e um conhecimento insuficiente pelo menos no que diz respeito a situação de Portugal. Faltam-me sempre pormenores dos acontecimentos.  
  • Considerando as diferenças culturais, sociais, económicas e políticas, o clássico modelo sueco baseado em fortes movimentos populares não tinha condições para ser linearmente transplantado em Portugal.  
  • As experiências suecas do desenvolvimento cooperativo nem sempre eram diretamente aplicáveis, devido a diferenças no nível de conhecimento.
  • Em termos concretos, no entanto, o apoio sueco contribuiu, para certo progresso cooperativo. Uma organização única de apoio ao desenvolvimento cooperativo, o INSCOOP, posteriormente CASES, foi criada. Os ramos de cooperativas de consumidores e de habitação foram estimulados e dinamizados.
  • Os movimentos sociais e núcleos locais baseados na participação de cidadãos, experimentação e autogestão, que emergiram de forma explosiva após o 25 de abril teriam sido tratados de maneira diferente pelos partidos e pelo movimento cooperativo com o objetivo de criar um desenvolvimento sustentável de democracia participativa e de movimentos populares em Portugal.
  • Ao longo dos anos depois da Revolução, todos os partidos políticos defendiam o cooperativismo, mas daí a apoiá-lo verdadeiramente vai um grande fosso. Embora a situação política em Portugal seja complexa, em meu entender, o motivo para o enfraquecimento do movimento cooperativo deveu-se, por um lado, ao facto da liderança política não ter considerado relevantes as organizações de base popular. Por outro lado, que estas organizações não tinham uma estratégia alternativa independente nem uma coesão suficiente para dinamizar o cooperativismo a fim de que este pudesse ser um ponto de força na economia portuguesa.
  • As duras críticas suecas ao projeto cooperativo habitacional foram insignificantes.  A colaboração entre as cooperativas suecas e portuguesas continuou por muitos anos, o que faz comprovar que os portugueses envolvidos tenham ficado satisfeitos.
  • Do ponto da vista sueco era natural e legítimo que o apoio ao movimento cooperativo português tivesse o intuito de beneficiar o Partido Socialista. No entanto, dificilmente isso pode ser comprovado, dado o facto do entendimento e equilíbrio partidário assim como o afastamento de luta política interna neste movimento.     
 
novembro 2020
FONTES
Suécia

Entrevistas
Rolf Trodin, ex dirigente do HSB
Kerstin Påvall, jornalista
 
Referências
Pierre Schori Minnet och elden, Dokument inifrån
Olle Svenning vários artigos em Tiden,
revista do Partido Social-democrata sueco, 1974-76

Gunnar Kristensson Relatório sobre o projeto
do movimento trabalhista sueco

Arquivo Nacional - Documentação do auxílio de SIDA
(agência sueca de desenvolvimento) a Portugal 1975-81

Relatório anual da KF (Federação sueca das Cooperativas de Consumo)
Kooperatören periódico de KF, vários números
(artigos de Kerstin Påvall e Herman Lamm)

Dagens Nyheter, diário, 28 setembro, 24 outubro 1981 (Kajsa Pehrsson)
 
PORTUGAL
Entrevistas
José Luís Cabrita (Fenacoop)
João Salazar Leite (Inscoop e Cases)
Guilhermo Vilaverde (Fenache)
Camila Rodrigues (Mulheres a Obra)
José António Rodrigues (NACC e Inscoop)
Carlos Silva (Fenache)
 
Referências
Boletim Informativo do Inscoop vários números 1975-80
Relatórios sobre a missão na Suécia para estudo do movimento cooperativo
de consumo 1976-77 Ministério do Comércio e Turismo

Habitação Cooperativa em Portugal (1974-91) Fenache (Arnaldo Fleming)
Cristina Granado Cooperativas de Consumo em Portugal
Camila Rodrigues The Cooperative Movement in Portugal beyond the Revolution: Housing Cooperatives between Shifting Tides,
​Universidade Nova de Lisboa.
ENG






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VOLUNTEERING SWEDISH SUPPORT
​TO THE PORTUGUESE COOPERATIVE MOVEMENT AFTER THE CARNATION REVOLUTION 

Swedish solidarity in the lead

Jan Olsson
Historical leader of the Swedish cooperative movement
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After April 25, 1974, the Swedish Social Democrats took the lead in European solidarity actions to encourage the development of a democratic society in Portugal. In order to support the Portuguese Socialist Party (PS), a campaign to mobilize the Swedish party was launched. The long-standing good contacts between Mário Soares and Pierre Schori, International Secretary of the Swedish Social Democratic Party, paved the way. The Swedish Prime Minister, Olof Palme, was personally involved in the campaign. "For the Swedish social democracy, Portugal was a highlight in terms of political and practical solidarity," wrote Schori in one of his books (See references on last page).
 
The campaign was based on a concept of twinning between provinces. The provincial organizations of the Swedish labour movement were to share their experiences and offer material, personnel and organizational support to the provincial federations of the Portuguese Socialist Party. In addition to raising funds, the campaign organized information meetings, cultural events and seminars. For a number of years, the travel agency of the Swedish labour movement, RESO, organized study visits to Portugal, thus contributing to the exchange between the two countries.
 
The campaign was complemented by a cooperation agreement between the two Governments. This cooperation between Portugal and Sweden continued until 1981. It covered four areas: adult education, public health, consumer cooperatives and housing policies, including the housing cooperative sector.
 
The objective was, above all, to strengthen participatory democracy through grassroots movements. In concrete terms, the goal was to promote initiatives of citizens at the local level in order to create tools to help improve their living conditions. The Swedish efforts were to contribute to the development of sustainable organizations and institutions that could become part of the future democratic Portugal. Since the cooperative sector was an important component of the Swedish model, it was natural for the Swedish cooperative movement to be actively responsible for part of the agreement. Furthermore, the development of cooperatives was a strategic point on the political agenda of Portugal.
 
Two different realities meet
 
This article is about Swedish support to the Portuguese cooperative movement. How was the assistance organized? What results were achieved? How was this support articulated in order to reach the socialists and a political party without any tradition of a popular base?
 
To answer these questions, I researched several archives and interviewed cooperative leaders from both countries who were involved in the project. I know quite well the mindset that characterized Swedish social democratic society at that time, which was reflected in its policies and support practices.  I cannot say the same about the Portuguese reality. However, I got involved in this complicated matter because the last question referred to in the paragraph above was central from a Swedish point of view. The unspoken intention of the Swedes was that the support should strengthen the position of the Portuguese socialists. Furthermore, the Swedish idea was to encourage the creation of popular movements in accordance with the Swedish model, founded on a strong link between a predominant party and organized civil society.
 
Two different worlds in every matter--political, social, economic and cultural—met: Sweden, a welfare state and a social democracy with a well-defined model of society for 40 years, and Portugal, a developing country that, after 50 years of dictatorship, was experiencing a turbulent situation involving a plethora of political alternatives.
 
The Swedish side realized that the Portuguese Socialist Party was a newly formed party with a weak base and few members. The party invested itself more in government and parliament affairs than in civil society. However, the Swedes also observed the emergence and rapid growth of new grassroots movements in residential areas and workplaces after April 25th. In order to meet urgent needs at the local level, spontaneous movements were created by citizens who were without party affiliation or were members in almost all of the parties existing at the time.
 
Residents' commissions and workers' commissions were created. In a way, this movement reminds me of how popular movements developed in Sweden in the late 1800s. However, the Swedish Social Democrats had difficulties in dealing with these new Portuguese movements because they were neglected by the Portuguese Socialist Party. Some Swedes expressed doubts about the attitude of the Portuguese socialists.
 
Swedish Social Democratic journalist Olle Svenning, who followed Portugal closely during the early years of democracy, suggested that the Portuguese Socialist Party should use the strong popular support it received in the 1975 elections to approach the local commissions, on the grounds that this could complement parliamentary work.   This would also be part of a necessary reorientation of PS, moving away from elitism, towards libertarian socialism, which was at the heart of the party's political programme.
 
Swedish support for cooperative development: transferring knowledge and promoting integration
 
To a limited extent, cooperatives survived the Estado Novo, the New State as the dictatorship was known. Some consumer cooperatives even had international contacts. During the dictatorship, consumer cooperatives also served as cultural cooperatives, in which opposition groups, especially communists, were very active. What happened in the two years after the revolution was largely a result of the struggle for power between these interest groups to set up a comprehensive framework for the cooperative movement. This was clearly visible in the functioning of the Cooperative Support Committee of the provisional governments.
 
However, there was successively less evidence of politicization following party lines in the process of cooperative development. Political competition took place outside the cooperative movement. The cooperative ideas were strong enough to unite people around a common interest for all, beyond party affiliation. Most political groups advocated the promotion of cooperative entrepreneurship to serve the collective interests of members. In my opinion, we should talk about a balance being created among political parties, a balance that varied among sectors.
 
The residents’ and workers' commissions were major actors in the creation of consumer and housing cooperatives. The number of local cooperatives increased explosively, from 950 in 1974 to more than 3,600 in 1981.
 
The overall vision was that the development of the cooperative sector was part of a process of transition to socialism. Swedish support for strengthening the cooperative sector was not very far-reaching. The practical objective was to promote cooperatives that could survive on their own merits in the competition on the market.
 
Swedish aid consisted of three parts. Two initiatives targeted specific sectors: housing and consumption. The third target, which was more general, focused on cooperative development. The content of the initiatives followed the same model: executives, board members and ordinary members should be trained to manage cooperative companies. Integration and concentration of local cooperatives into regional unions and national federations should be promoted. Study circles--a Swedish specialty--were to be used as a pedagogical method of disseminating knowledge.
 
Study trips were a significant part of transferring know-how. Portuguese leaders traveled to Sweden to acquire knowledge regarding the Swedish cooperative model. Swedish technical experts went to Portugal to share their experiences.
 
The expectations for Portuguese-Swedish cooperation were high. However, the differences in the development levels between the two countries created problems. Swedish knowledge was not always easily applicable to the Portuguese reality.
 
The Swedes, for their part, were disappointed that Portugal did not accept the historically proven Swedish experiences, methods and systems for organizing integration and training models.
 
It is difficult to assess whether the objective of strengthening the position of the Portuguese socialists was achieved. Some Swedish intentions in this direction failed. Cooperatives could not be used for political interests. Swedish support therefore became pragmatic and practical. On the Portuguese side, in the first government of Mário Soares, the Deputy Prime Minister, Henrique de Barros, was initially responsible for the agreements with Sweden. De Barros had a remarkable cooperative past and was responsible for organizing government support for the sector. To date, since his resignation, no Portuguese government has emerged that has demonstrated the same commitment to the promotion of cooperatives.
 
INSCOOP - a cooperative hybrid unique in Europe - has become CASES
 
One of the three Swedish initiatives targeted the Institute António Sérgio of the Cooperative Sector (INSCOOP), a cooperative development institute established to coordinate the support of the various ministries to each cooperative sector. Behind this initiative was Henrique de Barros.
 
The Swedes were not satisfied with INSCOOP. In addition to disagreements regarding the content of the project, there were personal conflicts. According to a Swedish evaluation, assistance to INSCOOP was considered unjustified, which resulted in a cut in Swedish funding.
 
The Swedes wanted to limit the role of the Institute to training and the consumer cooperative sector.  That was not the intention of the Portuguese leaders. According to them, INSCOOP should draft legislation, in addition to providing support for studies and research, and should be a point of reference for all cooperative sectors. Despite the tensions, the Portuguese leaders were satisfied with the Swedish assistance to INSCOOP. It was even praised by Mário Soares.
 
INSCOOP endured. Ten years ago it was renamed the Cooperative António Sérgio of the Social Economy (CASES). Now it integrates the entire social economy sector. CASES is a unique phenomenon in Europe. It is a partnership between the State and the social economy regulated legally as a  “public interest cooperative”. The State owns most of the share capital in CASES, but it is democratically governed in conjunction with the social economy sector.
 
Support for consumer cooperatives--positive and negative
 
The first Swedish initiatives to support consumer cooperatives in Portugal were launched as early as 1964. During the Estado Novo, consumer cooperatives were not banned, as they were considered economic enterprises. In addition, some Portuguese cooperatives were members of the International Cooperative Alliance.  A Swedish manager, Jack Ames, drafted a plan to modernize the cooperative sector. Little of the plan was implemented, but some Portuguese cooperatives became pioneers in establishing department stores and self-service supermarkets according to the Swedish model.
 
In 1975, the Swedish cooperative development support organization, Swedish Cooperative Center (SCC, today called We Effect), was commissioned to strengthen the consumer cooperative sector in collaboration with a group of experts (the Consumer Cooperative Support Center, or NACC) at the Portuguese Ministry of Internal Trade. The concrete objective was to invest in training in different areas--purchasing/sales, economics, administration, personnel--to improve efficiency and reinforce competitiveness.
 
Naturally, the training focused on a cooperative strategy that advocated the centralization and integration of local cooperatives by organizing joint activities supported by regional unions and a national federation. That was the Swedish model.
 
Indirectly, the training and education schemes may have favoured the socialists, but that was never explicitly stated. In his report from the first Congress of Consumer Cooperatives in March 1977, the Swedish project manager mentioned the clashes between the different political orientations and expressed satisfaction that Portugal had overcome the clashes and created the National Federation of Consumer Cooperatives (FENACOOP).
 
A Swedish evaluation report confirmed that the project was successful in contributing to democratic development and increased knowledge about cooperatives in Portugal.
 
The Portuguese valued the Swedish support highly. After the official government aid period ended, SCC support to FENACOOP continued. The most important initiative was its contribution to the establishment of the first regional union, COOPLISBOA, aimed at serving the cooperatives of the districts of Lisbon, Setúbal and Santarém, which later expanded its scope as a central purchasing and logistical support structure for the entire continental territory. In Porto, SCC assisted in establishing the first regional commission.
 
Until the mid-1990s, Portugal's consumer cooperatives, by investing in economic integration, managed to contain private competitors.
 
Today, Portuguese consumer cooperatives have been almost completely wiped out because of strategic errors in the process of modernization and lack of cohesion among cooperatives. FENACOOP closed down. COOPLISBOA went out of business owing to the bankruptcy of large consumer cooperatives and the lack of short-term financing. It did not survive market competition and the financial crisis of 2008. Furthermore, government economic and institutional support did not materialize. However, a new federation is currently being constituted, with the purpose of uniting consumer and user cooperatives. It should be added that Portugal is not the only European country where consumer cooperatives have gone bankrupt.
 
Housing cooperatives had an important role
 
Housing policy was a key element in the Portuguese-Swedish agreement. Housing cooperatives were to have an important role in improving the living conditions of families, not only by providing decent housing, but also by organizing neighbourhood services.
 
The Swedish Federation of Housing Cooperatives (HSB) was responsible on the Swedish side. This implied a social democratic profile of the assistance in order to benefit the government of Mário Soares and the municipalities governed by socialists who were committed to supporting housing cooperatives. In order to avoid the political conflicts that characterized the Portuguese Housing Development Fund (FFH), HSB created a special team to accompany the project.
 
Three local cooperatives were selected to carry out a pilot project. They received technical and organizational support. It was the point of view of HSB that the three should spearhead the establishment of a future cooperative housing federation. This idea was not supported by the Housing Cooperative Movement (MCH, Movimento Cooperativo Habitacional), which at that time was emerging in Portugal. Instead, the HSB special team became a support for MCH, which transformed in 1982 into the National Federation of Housing Cooperatives (FENACHE).
 
Throughout the 1980s, HSB continued to work closely with Portuguese housing cooperatives in order to strengthen the newly formed Federation. Study trips were made to Sweden to learn good practices. Managers and technicians from Swedish cooperatives went to Portugal to share their know-how.
 
The 2008 financial crisis, as well as the termination of the provision of land by local authorities for cooperative construction, strongly affected the housing cooperative sector. However, FENACHE remains active, although it is restricted to a small group of cooperatives, representing and supporting its members in various matters of ownership and services of collective interest.
 
Was the housing project a failure? Yes, said some critical Swedes. No, say the Portuguese people involved in the project
 
In September 1981, there was fatal criticism of the project. The Portuguese people involved in the project were disappointed, according to a report by a Swedish consultancy that was widely publicized in the media. The report, stated that "HSB placed party loyalty above loyalty to the cooperative movement", HSB "politicized and acted arbitrarily and incompetently", and the HSB project was part of the socialist Government's “anti-communist policy”, leading to a weak popular movement being "cheated of the necessary help". In addition to these criticisms, it was stated that the three pilot cooperatives never completed their projects.
 
In my opinion, the criticism was incorrect and pointless; it did not affect Portuguese-Swedish collaboration in the field of housing cooperatives. This conclusion is supported by the testimonies of two people involved in the project: the current president of FENACHE, Guilherme Vilaverde, and the first president of the Federation, Carlos Silva. Both were active members in the MCH from the beginning. They emphasize the following points: 
 
- The Swedish criticism must be seen in the political context of those years. The origin of the criticism was probably radical left.
- Swedish support, especially the study trips, was invaluable in promoting the housing cooperative sector.  Planning, technical, financial and organizational experiences could be tested and applied in Portugal. Housing cooperatives organized credit unions, daycare centers, and culture and sport activities.
-  The pilot project involving three cooperatives, with a total of 2000 apartments, was completed. There was never any intention to transform the pilot cooperatives into a spearhead for a national federation.
- Swedish support facilitated the creation of a Portuguese federation in the housing sector, FENACHE. Participation in FENACHE involved many political groups--socialists, social democrats, communists and other left-wing parties--as well as catholics and many citizens without any political affiliation. The socialists were well represented, but they did not dominate.
- At the national level, the political clashes between the parties never interfered with the activities of FENACHE. Discussions about the concrete problems of members were given priority. Agreements were nearly always made.  The common interest of giving everyone access to decent housing prevailed. Decisions were always taken by a large majority or by consensus.
- The same situation prevailed in local cooperatives. In general, the different political groups agreed with how the local cooperative was managed.
 
Swedish experience, local residents and FFH were the three main components in the development of cooperative housing in Portugal. In an article on the occasion of the celebration of the tenth anniversary of FENACHE, Arnaldo Fleming stated the following:
 
“The current housing cooperative movement owes its status to the combination of a dynamic government operation located in the FFH, the support and inspiration from the Swedish model and the engagement of local groups of citizens.”
 
Final comments
 
•          Swedish cooperative assistance was more successful than I initially thought when I started my research for this article. I gradually changed my mind, mainly after having consulted Portuguese information sources. Obviously, my view is somewhat subjective and my knowledge with regard to the situation in Portugal somewhat limited. I still lack some details of how the project was run.  
•          Considering the large cultural, social, economic and political differences, it was not possible to directly transfer the classic Swedish model, which is based on strong popular movements, to Portugal.
•          Swedish experiences of cooperative development were not always directly applicable, owing to differences in the level of knowledge.
•          In concrete terms, however, Swedish support contributed to cooperative progress. A unique cooperative development support organization, INSCOOP, later CASES, was created. The consumer and housing cooperative sectors were stimulated and grew strong.   
•          The social movements and local groups based on citizen participation, experimentation and self-management, which emerged explosively after April 25, should have been treated differently by the parties and the cooperative movement, with the aim of promoting the sustainable development of participatory democracy and popular movements in Portugal.
•          Throughout all years after the revolution, all political parties defended cooperative development.  However, there has been a big gap between theoretical and real support to the sector.  Although the political situation in Portugal is complex, the reason for the weakening of the cooperative movement is, in my opinion, due to the fact that the political leadership did not consider local organizations to be relevant. On the other hand, these organizations did not have an independent alternative strategy or sufficient cohesion to enhance cooperative ideas so that the cooperative movement could be a point of strength in the Portuguese economy.
•          The harsh Swedish criticisms of the cooperative housing project did not have any consequences. The collaboration between the Swedish and Portuguese cooperatives continued for many years, which shows that those involved on the Portuguese side were satisfied.
•          From the Swedish point of view, it was natural and legitimate that support for the Portuguese cooperative movement was also intended to benefit the Portuguese Socialist Party. However, benefits cannot be proven, given the existence of an internal balance of power between the parties, as well as the fact that the political struggle took place outside the cooperative movement.
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November 2020















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SOURCES
Sweden

Interviews
Rolf Trodin, former HSB executive manager
Kerstin Påvall, journalist

References
Pierre Schori, Minnet och elden,Dokument inifrån
Olle Svenning, several articles in Tiden,
magazine of the Swedish Social Democratic Party, 1974-76
Gunnar Kristensson, Report on the Swedish labormovement project
National Archives - Documentation of SIDA aid
(Swedish development agency) to Portugal 1975-81
KF (Swedish Federation of Consumer Cooperatives) annual reports
Kooperatören KF periodical, various issues
​(articles by Kerstin Påvall and Herman Lamm)
Dagens Nyheter, 28 September, 24 October 1981 (Kajsa Pehrsson)
 
Portugal
Interviews

José Luís Cabrita (FENACOOP)
João Salazar Leite (INSCOOP and CASES)
Guilhermo Vilaverde (FENACHE)
Camila Rodrigues (Mulheres a Obra)
José António Rodrigues (NACC and INSCOOP)
Carlos Silva (FENACHE)
 
References
INSCOOP Newsletter, various numbers 1975-80
Reports on the mission in Sweden to study the consumer cooperative movement, 1976-77, Ministry of Commerce and Tourism
Cooperative Housing in Portugal (1974-91), FENACHE (Arnaldo Fleming)
Cristina Granado, Consumer Cooperatives in Portugal
Camila Rodrigues, The Cooperative Movement in Portugal beyond the Revolution: Housing Cooperatives between Shifting Tides,
Universidade Nova de Lisboa.
Revista ES n.12 ― ​abril 2021
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