ANA LUISA MARTINHO
É socióloga, licenciada e mestre em Sociologia, com Título de Especialista em Recursos Humanos e doutorada em Economia Social pela Universidade de Valência. Tem participado em projetos de investigação e de investigação-ação que versam as temáticas da inserção socio laboral de pessoas em situação de vulnerabilidade, da diversidade e igualdade de género, do voluntariado, da qualidade e da qualificação em organizações da inovação social, da inovação social e organizacional. Docente nas áreas da gestão e desenvolvimento de recursos humanos no Politécnico do Porto, Investigadora nas linhas de Recursos Humanos e Economia Social do CEOS – Centro de Estudos Organizacionais e Social do Politécnico do Porto. Formadora e consultora da Associação A3S, no âmbito de projetos de desenvolvimento organizacional para a Economia Social. |
1. Introdução
A economia social, com os seus objetivos convergentes de natureza social e económica em prol do bem comum, tem historicamente desempenhado um papel fundamental na inclusão sociolaboral de pessoas em situação de vulnerabilidade. Este artigo divide-se em duas partes, uma primeira de enquadramento teórico e, uma segunda, de pistas reflexivas a partir da análise empírica das práticas profissionais de apoio à inclusão sociolaboral de pessoas em situação de vulnerabilidade em nove estudo de caso inseridos em organizações da economia social em Portugal. Iniciamos a reflexão teórica com a especialização das organizações da economia social em Portugal no apoio à inclusão sociolaboral de pessoas em situação de vulnerabilidade. Destaca a resposta holística dessas organizações às comunidades, agindo como intermediárias na implementação de políticas públicas e oferecendo suporte à empregabilidade. Discute-se a evolução histórica e as tendências na inclusão sociolaboral, mencionando a importância das Work Integration Social Enterprises (WISEs). Abordamos a dificuldade em delimitar o conceito de vulnerabilidade, explorando as dimensões sociológicas de pobreza e exclusão social. Destacamos a teoria da interseccionalidade para entender as complexas interações entre diferentes categorias, como sexo, classe, etnia e deficiência. Partindo da análise de regularidades encontradas nos nove estudos de caso, analisamos os princípios de intervenção e as competências necessárias para o exercício da função por parte dos profissionais auscultados e inseridos em organizações da economia social. Verificamos a multifuncionalidade da função, enfatizando a coordenação, intervenção social, gestão de casos, prospeção e acompanhamento. As principais competências necessárias para desempenhar a função de apoio à inclusão sociolaboral foram classificadas em três categorias: i) flexibilidade e capacidade de adaptação, empatia, proximidade e resiliência; ii) conhecimentos de diagnóstico, processos e metodologias de acompanhamento; iii) domínio de metodologias de educação não formal ou informal, bem como o conhecimento do mercado de trabalho local. |
1. Introduction
The social economy, with its convergent social and economic objectives for the common good, has historically played a key role in the socio-labour inclusion of people in a vulnerable situation. This article is divided into two parts, a first of literature review and theoretical framework and a second, reflective clues from the empirical analysis of professional practices to support the socio-labour inclusion of people in a vulnerable situation, in nine case studies within social economy organizations in Portugal. We begin the literature review and theoretical framework with the specialization of social economy organizations in Portugal in the support of the socio-labour inclusion of people in vulnerable situations. It highlights the holistic response of these organizations to communities, acting as intermediaries in implementing public policies and supporting employability. It discusses the historical evolution and the trends of socio-labour inclusion, mentioning the importance of the Work Integration Social Enterprises (WISEs). We address the difficulty in delimiting the concept of vulnerability, exploring the sociological dimensions of poverty and social exclusion. We highlight the theory of intersectionality to understand the complex interactions between different categories, such as sex, class, ethnicity and disability. Based on the analysis of regularities found in the nine case studies, we analyse the principles of intervention and the skills necessary for the exercise of the function by the professionals heard and inserted in organizations of the social economy. We verify the multifunctionality of the function, emphasizing coordination, social intervention, case management, prospection and monitoring. The main competencies needed to perform the function of supporting the socio-labour inclusion were classified into three categories: i) flexibility and adaptability, empathy, proximity and resilience; ii) diagnostic knowledge, processes and monitoring methodologies; iii) dominance of non-formal or informal education methodologies, as well as knowledge of the local labour market. Translated by CASES team (Filipa Farelo, Eduardo Pedroso and Edna Neves) |